Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Invicta #1

Já estava à espera que a cidade do Porto me fosse deixar maravilhada, e a Invicta correspondeu às minhas espectativas . A avenida dos Aliados é muito mais bonita do que a da Liberdade. No entanto, continuo a preferir a nossa zona ribeirinha à do Porto. Não há nada que ultrapasse o Tejo, a ponte 25 de Abril e o Cristo Rei. Por aqui há mais gaivotas do que pombos. Ouvem-se os seus sonoros chamamentos constantemente sob a nossa cabeça. Num dia, já percorri a cidade quase toda. Espero sinceramente que me ponham a trabalhar a sério no hospital, caso contrário, sou capaz de ficar aborrecida.

20150830_164309.jpg

 

20150830_183728.jpg

 

20150830_161904.jpg

 

Os Velhinhos

   Eles têm o olhar mais doce e enternecedor de todos. Um olhar que procura atenção, conforto. Um olhar que diz já terem passado por muita coisa. Acima de tudo, têm um olhar de gratidão eterna. Os pêlos começam a ficar brancos, dormem mais horas, levam mais tempo para se levantarem ou para realizarem qualquer outra tarefa e os problemas de saúde começam a surgir. Apesar disso, a cauda abana sempre, incessantemente. Seja por causa de uma festa, seja por causa de comida, seja simplesmente por nor verem. E os olhos brilham, brilham de felicidade e de amor, mas acima de tudo, como já referi, brilham de gratidão.

   Adoptar um sénior é difícil. Queremos um companheiro saudável, que nos acompanhe muitos anos da nossa vida, de preferência, que seja pequeno e fofinho, nem que para isso tenha de ser arrancado da mãe antes do tempo. Adoptar um sénior é uma responsabilidade mas também uma bênção.

   Antes de adoptar um sénior, completamente por acaso e impulso, não fazia ideia de que eram animais tão gratos, tão cheios de vida, com tanto amor para dar. Antes de adoptar um sénior, eu não queria um sénior. Agora estou capaz de trazê-los todos para casa. O olhar, o abanar da cauda, o virem-se pôr debaixo da palma da nossa mão para terem mais carinho, o lamberem-nos os pés...são tudo sinais de quem está profundamente agradecido por ter ganho uma nova vida. Uma vida melhor, com um cobertor quentinho, comidinha no estômago e principalmente, amor. Nem que seja por um ou dois anos, certamente compensará pelos dez anos ou mais que por vezes passam em canis ou com "pessoas" que os maltratam. Adoptem um sénior .

11880672_10156029388005311_5077638348621776587_n.j

Marie Curie, 11 anos. Disponível para adopção na União Zoófila. 

amiama111.jpg

 Bethovan, idade indefinida. À espera de um lar na associação AMIAMA.

La Famille Bélier

   Paula é uma adolescente como outra qualquer. Vai à escola, gosta de tagarelar com a melhor amiga, e está apaixonada. Na verdade, a rapariga não é uma adolescente qualquer porque os pais e o irmão mais novo são surdos, e ela vê-se obrigada a ajudar a família na quinta que possuem, na banca de mercado onde vendem queijos e também a traduzir o que eles dizem para outras pessoas e vice versa.

   Graças à sua paixoneta, Paula acaba por se inscrever no coro da escola, onde o professor lhe revela que ela tem um dom enorme, propondo-lhe mesmo candidatar-se às poucas vagas existentes numa das melhores escolas de canto de Paris. No entanto, com uma família não só dependente dela, mas que também não compreende que a rapariga queira cantar (afinal, não a conseguem ouvir), o caminho de Paula não vai ser fácil.

   O filme vai sofrendo várias mudanças ao longo do tempo. Ao princípio, achei que seria uma comédia mas as palavras cómicas rapidamente dão lugar ao drama. Um filme que me fez dar gargalhadas e chorar como se tivesse acabado de descascar vinte cebolas (graças a Deus que não vi no cinema), e com o qual me identifiquei muitíssimo. Banda sonora do melhor que há. O melhor filme deste ano. Sem dúvida.

la-famille-belier-dvd.jpg

Hoje Encontrei-te

   Hoje encontrei-te, apesar de não te ter visto. Foi enquanto fazia limpezas mais a fundo no quarto que me cruzei contigo. Nos ténis gastos e sujos, recordei os passeios que demos juntos, os concertos a que assistimos, os festivais que percorremos, as noites passadas a dançar sob um céu estrelado. À roupa, ainda se agarravam partículas da tua fragrância, exótica ao primeiro contacto, mas tão caseira e acolhedora passado algum tempo. Vi-te em palavras antigas, passadas para o papel, ora em alegria, ora em sofrimento, e encontrei escrito aquele que seria o nosso futuro. Nas moedas estrangeiras, relembrei todos os países que conhecemos juntos, as culturas que descobrimos e as pessoas que no nosso caminho se cruzaram. Nos discos de vinil, foram as noites em claro, passadas a estudar ao som de Sinatra e Stevie Wonder, ombro contra ombro, de lápis em riste. E nos filmes mudos (sim, porque tu gostavas era desses), ouvi as nossas gargalhadas, pelas tardes de Verão fora, a assistir às comédias de Charlie Chaplin. Hoje encontrei-te em todos os recantos do meu quarto e sorri.

mela9.jpg

O Medo

   O medo é, possivelmente, a emoção mais castadora que possuimos, aquela que nos empurra para trás quando pretendemos caminhar para a frente, aquela que nos faz uma rasteira enquanto perseguimos os nossos sonhos. Quantas vezes renunciámos à partida, só porque tínhamos medo de prosseguir sozinhos? E quantas vezes nos calámos, com receio de dizer algo que pudesse parecer ignorante? Quantas vezes nos abstivémos de fazer qualquer coisa, com medo de falhar? Com medo de ter saudades? Com medo que fora da nossa bolha de conforto fosse pior? Com medo de tudo, e ao mesmo tempo, de nada?

   O medo é muitas vezes importante. Não uso a faca para ir buscar a torrada ao fundo da torradeira quando esta se encontra ligada à corrente por receio de ser electrocutada. O medo vem sempre comigo, não interessa para onde eu vá. O que interessa realmente é ir. E fazer. E dizer. Trazer o medo connosco mas deixá-lo a um canto da nossa mente, de castigo, no escuro. Pode ser que também ele comece a ter medo.

vai-e-se-der-medo.jpg

The 100

   Depois da folia da temporada completa de Orange is the New Black sair de uma vez e de ter papado as três temporadas de Orphan Black como quem come cereais ao pequeno-almoço, chegou a vez de The 100. Levei dois dias a ver a primeira temporada. Vamos à segunda? É que não vejo nenhum episódio há doze horas e já estou com tremeliques e suores...

unknown-121.jpeg

Desafio 12 - Tag das 8

   Estava eu a pensar no que escrever por aqui hoje e eis que a C.* me nomeia para um desafio :)

 

8 Coisas para fazer antes de morrer:

1. Dar a volta ao mundo

2. Nadar com tubarões baleia

3. Fazer um mergulho nocturno

4. Aprender a esquiar

5. Fotografar alguma espécie ameaçada no seu habitat natural

6. Fazer outra tatuagem

7. Festejar a vitória de um campeonato no Marquês

8. Encontrar a cura para o cancro

 

8 Coisas que amas:

1. As minhas cadelas

2. Cerelac (eu sei, eu sei... )

3. Viajar

4. Aprender coisas novas

5. Ver séries

6. Gelados

7. Medicina Veterinária

8. Sol & Mar

 

 8 Coisas que odeias:

1. Políticos

2. Ler o Correio da Manhã

3. Espargos

4. Pessoas que acham que têm sempre razão

5. Dobrar meias (É O QUE EU MAIS ODEIO!!)

6. Rotina

7. Cavalos (vá, não odeio, mas são os animais de que menos gosto)

8. Não ter inspiração para escrever

 

8 Makes/roupas/acessórios sem as quais não vives:

1. Óculos de sol

2. Calções

3. Calças de ganga

4. Ténis de corrida

5. Brincos

6. As minhas sweats de veterinária

7. Havaianas

8. Relógios

 

8 Objetos que te acompanham sempre:

1. Telemóvel

2. Carteira

3. Batom do cieiro

4. Tablet

5. iPod

6. Óculos de sol

7. Chaves de casa

8. Pastilhas elásticas (ou "chiclas", à là J.J.)

 

8 Filmes/livros/jogos/séries que adoras: 

1. Todos os filmes que metam cães (Hachiko, O Ano do Cão, aquele em que o cão é uma reencarnação de um homem de família que foi morto... esses todos para chorar baba e ranho).

2. Os livros do Marc Lévi

3. Os livros do Stephen King

4. A saga Game of Thrones do George R.R. Martin

5. O Guarda da Praia, da Maria Teresa Maia Gonzalez

6. Grey's Anatomy

7. The Walking Dead

8. Orange Is The New Black

Casamentos

   Estava a almoçar num restaurante a puxar para o fancy e na mesa do lado estava uma noiva a discutir promenores do seu casamento com um outro homem, que devia ser um organizador de casamentos. Primeiro a rapariga dizia que tinha de ir ver a decoração do espaço, e só depois decidiria sobre as flores a adquirir. Falaram brevemente no vinho mas rapidamente a conversa descambou para o menu. Um belo peixe ao sal servido com chalottes e mais outro acompanhamento do qual me esqueci, uma mini tarde de limão para desenjoar, seguida de um rosbife com batatas "sautés" (seja lá o que isso for). Estiveram uma eternidade a discutir o assunto, especialmente a parte de o rosbife ser quente ou frio, e da problemática do peixe ser servido ainda quente a alguns e já frio a outros. Depois discutiram os centros de mesa. A noiva vira uns engraçados mas eram capazes de obstruir o campo de visão. 

   Ora, esta conversa deu-me uma certa nostalgia. Para terem uma ideia, o último casamento a que eu fui deve ter sido há uns dez anos. E a noiva entretanto faleceu portanto... Se me quiserem convidar para um, estão à vontade! Ou até mesmo se não vos apetecer ir, eu vou no vosso lugar. Pode ser que ninguém dê por isso. 

 

Fly Low Carrion Crow

   Às vezes, as séries têm destas coisas incríveis. Estava a ver a última cena do mais recente episódio de The Whispers e de imediato me apaixonei pela banda sonora do momento, Fly Low Carrion Crow, dos Two Gallants. Tanto que tive de escrever algo para a acompanhar (e já agora, inspirado nessa última e triste cena final).

 

Fly low ye carion crow

seize my body for the dead I owe

drop me high into the depths below

for the things I've seen no one else should know.

   Ele chegou a casa com um sorriso no rosto e com um ramo de rosas brancas, as preferidas dela, atrás das costas. Fechou a porta atrás de si e entrou na sala, pé ante pé. Como ela não se encontrava à vista, experimentou o quarto, que estava vazio. Finalmente, decidiu espreitar a cozinha. Pisou um líquido avermelhado, pegajoso e escorregadio, logo à entrada. As flores caíram no chão, e de imediato deixaram de ser rosas brancas para serem vermelhas.

It's just you and me and my rib-caged brain

we polish the brass and we dust the pain

and we lay down fellow like slaveless chains

and they call us sick as though they're all so sane.

   O revólver ainda estava agarrado à mão dela. Ele ajoelhou-se ao lado do corpo, incrédulo, e abanou-o, como que para despertar a sua amada de um sono profundo. Como não obteve resultados, sentou-a e envolveu-a nos seus braços, murmurando ao seu ouvido que tudo ia terminar bem, enquanto as primeiras lágrimas lhe começavam a turvar a visão. Balançou-a de um lado para o outro, repetindo sempre a mesma frase: "Vamos ficar bem, vamos ficar bem".

So fly low ye carion crow

and seize my body for to free my soul

and drop me high into the depths below

for the things I've seen no one else should know.

  Afagou-lhe o cabelo e beijou-lhe a têmpora direita, por onde a bala entrara, cobrindo-se também ele de sangue. Gritou por auxílio, convencido de que ainda era possível salvá-la, mas quando a encostou à bancada da cozinha para pegar no telemóvel, o corpo guinou para o lado e a sua cabeça ficou pendente como a de um velho espantalho deixado ao abandono no campo. Ele amparou-a, voltando a agarrar-se a ela, desta vez com um grito de desespero.

And what speak you of a love so bold?

and if song could sing, no word could hold

but I warn you now of an end foretold

and a life long waiting for a death below.

  Abraçou-a e as suas lágrimas salgadas uniram-se ao sangue dela, já coagulado. Os seus soluços corromperam o silêncio da casa e os seus tremores embalaram-nos a ambos, para a frente e para trás. Murmurou o nome dela para si próprio, com medo de que se fosse esquecer. No chão, ali perto, as rosas pareciam mortas. Olhou para o revólver, que entretanto atirara para longe, e um longo e penoso suspiro foi o único som que foi capaz de pronunciar.

So fly low ye carion crow

and sieze my body for it lives no more

and drop me high into the depths below

for the things I've seen no one else should know.

 

O Oceano Que Nos Separa

   Estou aqui junto ao mar, a olhar para as ondas que se erguem imponentes, cavalgando até à areia como se fizessem uma corrida, mas o meu pensamento está longe, mergulhado nas memórias mais antigas de quando ainda havia um "nós" pelo qual valia a pena batalhar. O marulho do mar, que vai deixando conchas, em tempos belas, em terra firme, lembra-me o teu respirar constante e reconfortante de cada vez que eu fazia do teu peito o meu porto de abrigo. O sol sobrepõe-se momentaneamente às nuvens escuras que cobrem toda a superfície do céu e leva-me aos dias cinzentos em que tudo parecia correr mal, até que eu te fazia rir e o teu rosto se iluminava como a superfície da água banhada pelos raios da nossa estrela maior. Enterro os pés nus na areia e sinto a Natureza. Apesar do tempo frio e húmido, parece quente como os teus abraços, e calmante como sentir as palmas das tuas mãos a roçarem as minhas costas, depois de um longo dia de trabalho. Cai uma chuva miudinha e beija-me a face como tu costumavas fazer. Delicadamente, tentando não deixar escapar nenhum pedacinho de pele, até me deixares arrepiada. Mordo o lábio e sinto-a fresca e apetecível. É como se estivesses à minha frente. Mas não estás. Diante de mim ergue-se apenas um oceano. Podia ser qualquer um. Mas é o oceano que nos separa.

20150807_174107.jpg

Pág. 1/2