Hoje fugia para longe, bem longe. Esquecia toda esta tragédia, todo este horror, e caminhava por entre vales, riachos e flores, parando em cada canto para apreciar a beleza do mundo. Desligava a televisão, esquecia os gritos de desespero e o som dos disparos e observava comovida a união entre o céu e o mar, lá ao fundo, por entre as montanhas verdejantes. Afastava o drama e saltitava por entre a vegetação, sorrindo para as abelhas, para os lagartos, para as vaquinhas que ia encontrando ao longo do caminho. Tirava os sapatos e caminhava em contacto com a terra. Inalava fundo de cada vez que uma nova fragrância era detectada pelos meus sensores olfactivos. Abria os braços e respirava o ar puro. Dava os bons dias a quem fosse que passasse por mim, em todas as línguas do nosso mundo e dava abraços, se fosse preciso. Isto tudo ao som de "Imagine" de John Lennon, claro.
Ontem assisti à sexta-feira 13 mais surreal da minha vida. Nunca fui supersticiosa e sempre passei por estes dias com a maior das tranquilidade mas ontem sabia que alguma coisa tinha de correr mal. Começando com a viagem de autocarro até Serpa, calhou-nos um motorista que só abria a boca para dizer porcarias, apesar de já não ter idade para tal. A meio da viagem, colegas aperceberam-se de que o homem estava a fechar os olhos enquanto conduzia mas felizmente foram falando com ele para chegarmos a Serpa sãos e salvos. No caminho de regresso, a mesma coisa. Música altíssima, colegas sempre a falarem com ele em altos berros, e o homem de vez em quando começava a abrandar ou fazia travagens bruscas sem razão aparente. No final da viagem, já íamos todos a cantar e a bater palmas para manter o raio do velho desperto. Em Serpa, 18 macacos dentro (ou fora, vá) de uma pick up por caminhos de terra batida para ir ver os porcos bebés lá ao cimo do monte. Felizmente, ninguém saiu a voar e ainda nos rimos todos até às lágrimas. Pensando que afinal o dia até tinha sido espectacularmente divertido, cheguei a casa tardissimo e com vontade de ir logo para a cama. Quando o meu irmão liga a televisão, pimbas, noticia de última hora, vários atentados em Paris, dezenas de mortos. Escusado será dizer que perdi logo o sono. O choque, o horror, a incredulidade com que este dia terminou foi indescritível. Hoje de manhã, o cenário estava bem pior do que o pintavam ontem à noite e ainda nem tenho palavras. Os meus pensamentos vão para as vítimas e para as suas famílias. #PrayForParis #JesuisParis #PrayForLove
Hoje fomos visitar uma exploração de vacas leiteiras em Pêro Pinheiro e logo me lembrei da personagem que ficou debaixo de um carro de bois que transportava a famosa pedra para a construção do convento de Mafra, o Francisco Marques. Deu-me logo uma vontade de ir reler o Memorial do Convento. Há coisas estranhas.
Se me perguntassem o que gostava de fazer o resto da vida, a minha primeira resposta não seria "tratar de animais" nem nada que se relacionasse com a área que escolhi. Diria, sem hesitar, "quero viajar até aos confins do mundo até ao fim dos meus dias".
Ontem fui ajudar uma vizinha a planear uma viagem que ela quer fazer até à Indonésia, e ela emprestou-me um livro do Gonçalo Cadilhe. "O Mundo é Fácil". É um livro com os básicos para alguém que se quer iniciar nestas aventuras da mochila às costas, o que já não é bem o meu caso. Ainda assim, li o livro em poucas horas e o bichinho das viagens voltou logo a despertar (se é que ele alguma vez dorme).
Se pudesse, largava tudo e partia à descoberta do desconhecido, de novas culturas, de paisagens de cortar a respiração, de sabores exóticos e cheiros únicos. Partia à procura de mim mesma, porque às vezes sinto que me perdi (diria que foi pela Tailândia ou pelo Myanmar). Estou a dizer "se pudesse" mas na verdade, eu até posso. Quantas centenas, senão milhares de viajantes abandonaram os seus empregos estáveis, as suas famílias queridas, e o conforto dos seus lares para perserguirem o sonho que sempre os acompanhou ao longo da vida: o de viajar? E trabalharam por aí fora, em hostels, na apanha da fruta, na pesca, a limpar, em restaurantes, sempre apenas por alguns meses, até conseguirem reunir dinheiro suficiente para seguirem viagem? Não é uma questão de poder, mas sim, e perdoem-me a expressão, de ter tomates para o fazer. Acham que eu não tirava um curso de instrutora de mergulho e não me orientava por esses países tropicais todos a dar aulas aqui e acolá? Acham que não podia trabalhar em refúgios e santuários para animais, como a enfermeira veterinária que conheci no Elephant Nature Park, que esteve uns meses a trabalhar com os cães a fim de juntar dinheiro para passar umas semanas a viajar pelo resto da Ásia? E as meninas americanas que largaram a faculdade e foram um ano para Seul dar aulas de inglês a crianças, pararam ali no santuário de elefantes para umas férias, e prosseguiram caminho em direcção à Austrália, em busca de outras oportunidades de emprego? É possível, e muitos o fazem. Há que ganhar coragem.
Estágio, pós-graduação, internato, residência, doutoramento...parece tudo tão quadrado, não é? Tão linear...e previsível. Às vezes irrita-me estar nesta sociedade onde o caminho a seguir parece ser sempre o mesmo para toda a gente. Para já, vou-me manter nos trilhos, até porque o meu curso é dos mais caros que existem no país e ainda hei de querer devolver o dinheiro aos meus pais. Depois logo se vê. Talvez trabalhe dez anos, talvez vinte ou trinta. Se calhar nem chega a tanto. Vendo a casa, o carro, e gasto o dinheiro da reforma todo num dos maiores sonhos que habita este coração ardente: dar a volta ao mundo.
Uma foto parecida com esta já andou aqui pelo blog mas não me canso disto. Pôr do sol em Krabi, Tailândia. Um dos momentos mais marcantes da minha vida.
Cada vez mais os donos exigem para os seus animais as tecnologias mais avançadas para o diagnóstico e tratamento das doenças que os afectam, e cada vez mais a Medicina Veterinária dá resposta a essa exigência.
Muitos hospitais encontram-se hoje em dia equipados com tecnologia de ponta a nível imagiológico, permitindo diagnósticos rápidos e precisos. A tomografia computorizada (vulgarmente designada por TAC) e a ressonância magnética são exemplos de métodos de diagnóstico que vieram revolucionar a forma com que são diagnosticadas doenças neurológicas, oncológicas, ortopédicas, etc.
A nível de cirurgias, realizam-se hoje em dia próteses como na Medicina Humana, sendo possível substituir uma anca, um membro amputado ou até mesmo fazer uma prótese ocular para fins estéticos. O segredo está nos biomateriais utilizados, que são compatíveis com os tecidos do corpo e apresentam poucas reacções inflamatórias. Os metais e os polímeros são os mais requisitados, embora compósitos e cerâmicas também sejam largamente utilizados.
Cada vez mais se aposta na cirurgia minimamente invasiva, sendo que as endoscopias já se tornaram numa prática comum do dia a dia de muitos médicos veterinários, não só como método de diagnóstico, mas também terapêutico, permitindo por exemplo a remoção de corpos estranhos do trato gastrointestinal. Ainda no campo da cirurgia minimamente invasiva, é hoje possível reparar estenoses das válvulas cardíacas com a colocação de balões, stents e outros aparelhos, com vias de acesso tão reduzidos quanto a veia femoral, reduzindo tremendamente os riscos, em comparação com uma cirurgia de tórax aberto.
Com o aparecimento da radioterapia na Medicina Veterinária, alguns tumores não responsivos à quimioterapia, como é o caso dos osteossarcomas, passaram a ter melhor prognóstico, com a possibilidade de entrarem em remissão após algumas sessões.
Num futuro ainda algo distante, prevê-se que se comecem a tratar as doenças antes mesmo destas surgirem, graças a uma análise genética de cada indivíduo, e apostar assim grandemente na prevenção e profilaxia, as bases de toda e qualquer Medicina.
No facebook, por entre muito lixo, às vezes descobrem-se coisas muito interessantes. Li ontem um texto escrito por um tipo inglês que falava sobre a geração Y.
Eu faço parte dessa geração, muitos de nós se identificam com ela. E eu, tal como diz no texto, cresci a achar que era especial, que estava destinada a algo grandioso, que não existiam limites para aquilo que eu poderia fazer da minha vida. A sociedade ensinou-me isso, os meus pais ensinaram-me isso, e, de certa forma, acabei por achar que sim, que talvez fosse possível. Usando uma analogia do texto em relação às nossas carreiras profissionais, as dos nossos pais queriam-se como a relva se quer verdejante e crescida, com boa estabilidade. Nós exigimos flores no meio dessa relva. E exigimo-las cedo, aos vinte e cinco queremos estar no topo da cadeia, lá em cima. Queremos esquecer as escadas e subir de elevador.
E até nos podemos achar especiais, mas assim que entramos no mundo do trabalho e nos deparamos com pessoas muito mais preparadas e evoluídas do que nós, vai tudo por água abaixo. É aí que entra a parte das expectativas, relativamente a um texto que escrevi por aqui há uns dias. E mais uma vez, admito que é em relação à minha carreira que tenho mais expectativas. Para o resto, já deixei de ter, e por isso agarro-me a essas.
Leiam o texto que vale muito a pena. E tomem nota dos conselhos no final!
Olhavam para mim na rua, e eu a princípio não entendi a razão. Ia com os auriculares nos ouvidos, a ouvir a minha música, distraída. Vi uma pessoa a olhar para mim, e uns metros mais à frente, mais outra. Quando me dei conta, estava a sorrir. Sorria desde o nosso encontro fortuito pela manhã, desde o momento em que me deste os bons dias e eu, como sempre, exibi um sorriso tímido e tosco de quem tem a língua presa, de quem se engasga com todas as palavras que tem entaladas na garganta, de quem sente o corpo todo a entrar em ebulição por causa de um simples olhar, de um leve toque. Uma hora e meia andei eu hoje, de casa para a faculdade, da faculdade para casa, três vezes para a frente e para trás, provavelmente sempre com aquele sorriso parvo no rosto, com borboletas na barriga, contigo na minha mente. Há dias em que as pessoas que passam por mim na rua devem achar que eu sou maluquinha por caminhar assim, de lábios repuxados para cima. E ainda bem.
Que saudades que eu já tinha de tirar dois ovariozitos e um útero a uma gata! Ainda por cima fechei a bicha sozinha e a sutura ficou mesmo bonita! Motivação máxima para uma semana dos diabos.
Sabem que dia é hoje, hum hum? É o dia oficial para começar a ouvir canções de Natal! Ah pois é, a época natalícia está mesmo aí ao virar da esquina e eu, sendo uma maluquinha por músicas desta quadra, já sintonizei o iPod para tocar todas as que tenho de forma continuada.