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Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

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Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Campeonato Nacional de Escrita Criativa #9

Escrever um texto com um máximo de 300 palavras que não inclua a letra "p". Confesso que este foi dos mais difíceis! Quando pensava que estava a conseguir fazer uma frase sem "p's", lá aparecia um pelo meio.

 

CENSURADO

Tentei escrever-te uma carta de amor mas foi censurada. Tiraram-lhe uma letra e sem ela, nada do que te tinha a comunicar faz sentido. Eram sonetos enaltecidos, rimas abrilhantadas, uma ode a todos os sentimentos que se revoltam em mim quando os meus braços se esticam na tua direcção e acabam a envolver o vazio.

Não interessa, façamos antes o amor, já que é nas curvas desenhadas do teu busto assim desnudo que eu encontro a metáfora ideal, no eufemismo do teu beijo que o estímulo da escrita nasce, no arquejar cálido dos teus lábios de encontro à minha derme que se esquadrinha a alegoria que nos rege (que somos nós senão uma objectificação do abstracto?). Murmuras ao meu ouvido uma vez e outra, construíndo uma anáfora em versos que só eu traduzo. E o odor almiscarado dos teus seios vai-se dissolvendo na atmosfera carregada como uma gradação que anuncia um desfecho triunfal.

A sinestesia da vida é esta. O conseguir saborear-te com o tacto, ver-te com a boca, ouvir-te com o coração.

Comentavam eles que os gestos não sentem, os olhos não vêem, os sorrisos não beijam e os silêncios são somente ocos momentos de solidão que nada dizem. Que são necessários vocábulos escritos a fim de se construir uma declaração de amor. O que eles não sabem é que os teus orgasmos são o animismo mais fidedigno de qualquer história de encantar.

52 Semanas: Semana 21 - Os meus piores defeitos

1.Ser introvertida. É a coisa que me incomoda mais no meu dia-a-dia.

2. Teimosa. "Vou dar-te boleia, é perigoso andares sozinha à noite". "Não, eu vou de metro". "Mas eu dou-te boleia". "Não, vou sozinha". "Mas eu levo-te". "Não quero, vou de transportes. Mas obrigada". E é isto.

3. Ser demasiado exigente comigo e com os outros. Tem o seu lado bom mas às vezes chateia-me a mim...e aos outros!

4. Insegura. Disse alguma coisa de errado? O que fiz de mal? Será que vai gostar? Porque é que ninguém me convidou?

5. Ansiosa. Estou na pensar no teste que há daqui a duas semanas, no despertador que pode não tocar amanhã de manhã, em como vou para o baile de finalistas, como vão correr os estágios, onde vou estar daqui a cinquenta anos...enfim, a minha cabeça não pára.

Alice do Outro Lado do Espelho

   Na quarta-feira fui ao cinema ver o filme "Alice Through the Looking Glass" e foi das poucas vezes em que saí do cinema a dizer que tinha gostado mais do segundo filme do que do primeiro. Qualquer coisa que envolva o trio Burton - Bonham Carter - Depp é logo motivo para me arrastar até ao cinema mas confesso que fiquei desiludida com o primeiro filme de Alice no País das Maravilhas. 

   Neste filme, Alice regressa ao País das Maravilhas para encontrar um Chapeleiro deprimido por estar convencido de que a sua família afinal está viva, não sendo no entanto capaz de a encontrar. E é então que Alice parte numa aventura através do tempo, desafiando as leis ditadas pelos ponteiros, para descobrir se a família do amigo está, de facto, viva. Uma aventura engraçada onde o que se destaca são os efeitos especiais, o guarda-roupa, a maquilhagem e...um Borat a interpretar o "Tempo" em pessoa de uma forma soberba!

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Campeonato Nacional de Escrita Criativa #8

   Oitavo desafio: escrever um texto com não mais de 300 palavras em que todas as frases comecem por "não". Foi o texto vencedor desta jornada.

 

   Não sabia o que era ser feliz até te encontrar. Não imaginava que fosse tão simples, isto do amor. Não contava com a inteligibilidade de um beijo ao acordar, mais fácil que a palavra que acabo de usar para o descrever. Não me disseram que bastava ter-te nos braços para ficar sem fôlego (e eu que sempre tive receio de morrer asfixiado, hoje morria três vezes só para te poder prender um pouco mais). Não me explicaram que um sorriso teu atrevido ao deitar era melhor que uma taça de cafeína para me manter acordado noite dentro. Não pensei poder encontrar a cumplicidade num gesto, a confiança numa palavra, a amizade numa troca de olhares. Não acreditava que um fim-de-semana de chuva tivesse tanto para contar, nem que no ombro de alguém pudesse encontrar um porto de abrigo para onde fugir em dias tempestuosos. Não me falaram da ligeireza com que os dias passam, nem tão pouco da monotonia das horas que (não) correm quando me vejo desprovido de ti. Não me disseram que estar apaixonado é rejuvenescer. Não me elucidaram nunca, tantos anos andei eu a caminhar na escuridão, no vazio de uma vida solitária, sem que me explicassem que sem esta taquicardia que se apodera de mim de cada vez que te toco não vale a pena respirar. Não podia adivinhar que o sentimento que revolve em mim desde que te conheci não se define, não se explica, não se ensina, que toda e qualquer clarificação seria um adulterar do mesmo. Não sabia o que era o amor até te encontrar.

Do Que Nunca Cheguei a Ter

   Tenho saudades do que nunca cheguei a ter. Das tardes de calor envolvida no teu abraço, das noites de tempestade correndo contra o vento para tentar fugir aos pingos da chuva enquanto me puxavas pela mão, das madrugadas de amor debaixo dos lençóis suados, das manhãs sonolentas que sorriam lânguidas do outro lado do vidro e iluminavam o teu rosto adormecido. 

   Cada pormenor cuidadosamente detalhado como uma ténue mancha de um quadro impressionista, tão importante e ao mesmo tempo tão singela sem as outras a seu lado, toma forma na minha mente como fazendo parte de um passado distante que na verdade nunca deixou de ser um esboço. 

   Fantasias teus beijos calorosos sob a curva do meu pescoço, sonhos teus olhos me escrutinando em noites de insónia, meros delírios o entrelaçar dos teus dedos sobre o meu cabelo. Histórias acalentadas por um coração que procurava a única coisa pela qual vale a pena continuar a bater: o amor.

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Campeonato Nacional de Escrita Criativa #7

   O 7º desafio consistia em escrever um texto na perspectiva de uma mulher que estava a ver os dois filhos, ainda crianças, a brincar, em menos de 300 palavras. Quem vê a série "The 100" vai perceber logo que houve aqui alguma inspiração vinda da mesma.

 

Nascidos e criados numa lata metálica, prisioneiros do tempo e do espaço, impedidos de serem crianças como eu outrora fui. Espreitam pela janela panorâmica, apontando para um planeta azul que se ergue em toda a sua imponência por entre um céu estrelado e ainda assim escuro como breu. Para quando o queimar dos raios de sol sobre a pele ingénua da idade pueril, o aroma das flores que crescem selvagens no campo, trazido pela brisa do final de tarde, o marulho das ondas que quebram na praia sob o olhar atento das gaivotas, o saborear de uma maçã colhida directamente da árvore?

Doces garotos que contam histórias de criaturas da savana com presas em marfim e três toneladas de peso, desconhecendo que estas existiram em tempos. Pobres meninos que ouviram falar das conquistas dos mares e oceanos e nunca experimentaram a sensação de flutuar. Inocentes crianças que toda a vida sonharam com a graciosidade do voo de uma borboleta, com o esplendor do salto de uma baleia acima do nível da água, com a musicalidade do vento num dia de tempestade, e vão suspirando enquanto o planeta lá longe dá mais uma volta sobre si próprio.

Não se tornem homens ressentidos com as gerações passadas, pois foram esses sentimentos de rancor, esses lagos pantanosos de mágoa e uma insaciável vontade de se sobrepôr a outrém que tornaram as casas nas árvores nada mais do que esboços saudosos numa folha de papel perdida. Não abandonem nunca os sorrisos ao olhar para baixo, ao baterem no vidro com entusiasmo e ao proferirem as palavras que mais me orgulho de vos ter ensinado. Porque um dia regressaremos ao planeta a que chamamos lar.

“Olha mãe, está sol na Terra, está sol em casa”.

 

Estação Espacial Pacífico,

25 de Julho de 2051.

O Nosso Portugalinho #1

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 Encontrei ontem este anúncio colado a uma árvore do parque do Casino Estoril e a primeira coisa que me veio à cabeça depois de fotografar foi de criar uma nova rúbrica com as pérolas que daqui em diante encontrar por este país fora. A segunda coisa que me passou pela cabeça foi ligar para o número a perguntar se era uma piada. É que se não fosse, eu era capaz de ficar com o rim. Sou da opinião que o sistema pode falhar a qualquer momento, que pode queimar um fusível e do nada fico sem um rim ou o fígado ou o coração. E depois, se não tiver nenhum de reserva, hum? Ah pois, aqui a Rita é uma rapariga prevenida. Se tiverem órgãos para "doar", não hesitem em contactar-me que eu aceito de tudo! Bem, quase tudo! Cérebros só de QI elevado e orgãos exclusivamente masculinos passo, não estou a pensar transformar-me agora em breve. 

52 Semanas: Semana 20 - Fico de mau humor quando...

1. O Sporting perde.

2. Saio de casa sem chapéu de chuva e dois minutos depois começa a chover.

3. Estamos meia hora à espera de uma pessoa de manhã quando temos saídas de campo.

4. Tenho de dobrar meias.

5. Estou a dormir mesmo bem depois de uma noite de insónia e o despertador decide que já é hora de levantar.

O Baile

   Vou sonhando acordada. Dizem por aí que os sonhos às vezes se tornam realidade.

 

   Eles sorriram um para o outro, assim que os seus olhares se cruzaram, apesar de estarem distantes e na companhia de outras pessoas. Ela tentou disfarçar em vão a felicidade que lhe encheu o peito quando o avistou num smoking azul escuro. O seu rosto iluminou-se sob os últimos raios do sol poente e as suas faces ruborizaram como duas cerejas maduras da Primavera. Desviou o olhar e beberricou o champanhe, esforçando-se para que não notassem o tremor das suas mãos.

   Sentaram-se em mesas distintas para jantar. Ela lançava-lhe múltiplos olhares por entre a multidão e o ruído de fundo, mordiscando o lábio sem conseguir controlar a comoção. Ele varreu por duas vezes o salão com os seus olhos sedutores, perscrutando o espaço com atenção e terminando sempre por a observar discretamente. A comida foi acompanhada por copos de vinho que estavam constantemente a ser esvaziados. Ela bebeu demasiado e no final da refeição sentia a garganta em chamas e as bochechas vermelhas. Quando algumas pessoas se começaram a encaminhar para a pista de dança, inspirou profundamente para ganhar coragem e ergueu-se, encaminhando-se posteriormente para a mesa dele. Sabia que se não fosse ela a tomar a iniciativa, ele também não o faria.

   Estendeu-lhe a mão, convidando-o para uma dança, sob o olhar atento dos seus colegas de mesa. Ele enrubesceu e aceitou com um sorriso tímido, deixando-se guiar por ela até à pista de dança. Quando ela se virou, colocou-lhe as mãos sobre a cintura, levando os dedos a deslizarem pelo tecido rosa suave do vestido e deixando que ela lhe envolvesse o pescoço com os braços. Os corações palpitavam mais depressa que as batidas da música, estimulados por aquele contacto extremamente próximo, e os dois corpos deixaram-se guiar pela pista como dois autómatos. Os lábios dele desenharam uma bonita curva no seu rosto, quente, acolhedora, formando como que uma enseada na qual ela se refugiou do resto do mundo. O olhar que ele lhe lançava provocava-lhe arritmias, tal era a intimidade do mesmo, mais profunda do que a de um beijo. 

   Ela nunca soubera dançar mas naquele momento deixou-se levar pelos passos dele e ambos fluíam pela pista de dança como se tivessem ensaiado até à perfeição todos aqueles movimentos. Quando a música abrandou, ele puxou-a de encontro ao seu corpo e ela repousou a cabeça no seu peito, inspirando fundo para melhor se deixar embebedar por aquela fragrância a pinho fresco. Fechou os olhos, concentrando-se em maximizar todas as sensações que os outros sentidos lhe transmitiam e guardou para sempre na memória aquele sentimento de felicidade plena que a consumia como um todo.

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