Ontem cheguei a Boston de rastos. Foram 12 horas de viagem, com breve paragem em Dublin. À noite já não houve tempo (nem paciência) para ver nada da cidade mas hoje, depois de uma noite de sono relativamente curta e um belo caffé latte no Starbucks, lá parti à descoberta desta maravilhosa cidade.
Comecei por dar um belo passeio ao longo do rio, por volta da hora de almoço visitei a Old State House e a Old South Meeting House, seguindo o famoso Freedom Trail, e à tarde andei a passear pelos jardins do Common Boston e Public Garden, tendo ainda visitado a Massachussetts State House. Para além disso também passeei por entre as ruas da Beacon Hill, com as típicas casinhas de tijolo, todas muito iguais mas ao mesmo tempo repletas de diferenças.
Amanhã resta-me conhecer a Old North Church, o Bunker Hill Monument e assistir ao pôr-do-sol na zona do North End, ao pé do rio, que segundo o meu anfitrião é o melhor sítio para o fazer. No domingo de madrugada apanho o autocarro para Nova Iorque.
A primeira experiência como couchsurfer está a ser bastante positiva. O meu anfitrião é simpático e ontem ainda falamos sobre bastantes coisas depois de eu chegar e ele tentou esclarecer todas as minhas dúvidas relativamente à cidade. Vive numa casa que costumava ser uma fábrica e que foi depois ocupada por um artista, pelo que o espaço comum é enorme e a decoração é extremamente original.
As primeiras conclusões que posso tirar sobre os americanos é que a maioria é bastante educada e simpática, que não andam na rua sem o café ou a bebida dentro daqueles copos compridos e que, como já todos suspeitávamos, se alimentam bastante mal pois à hora de almoço só se vê pessoal a comer fast food em cinco minutos num qualquer banco de jardim.
Mesmo no centro da cidade, Boston tem imensos espaços verdes
Decidi mais uma vez juntar duas semanas em uma porque é já amanhã que me vou embora e não sei quando haverá tempo para actualizar o blog (espero que em breve!).
As minhas melhores qualidades:
1. Determinada. A minha determinação às vezes pode ser confundida com teimosia. Quando meto alguma coisa na cabeça já ninguém ma tira.
2. Pontual. Já fui mais, antes até stressava muito com isso, mas continuo a ser bastante pontual.
3. Boa ouvinte. É a vantagem de eu não falar muito ahahah.
4. Empenhada. De alma e coração em tudo o que faço.
5. Zen. Como aparento ser uma pessoa muito calma, sou capaz de transmitir alguma paz, mesmo quando estou nervosa. Às vezes estou uma pilha de nervos por dentro mas nem por isso deixo transparecer.
Os meus cheiros preferidos:
Bem, vão ser respostas completamente clichê, lamento.
1. Maresia. Tão boooom...
2. Relva acabada de cortar. Hmmmm...
3. Bolo no forno. Nhami...
4. Gasolina. Sim, este talvez seja mais estranho.
5. O da minha almofada. Principalmente depois de um dia extenuante ou após uma longa viagem (almofada, vou sentir a tua falta ).
Disseste que ias, que estarias lá para me apoiar, para me ver passar. No fundo eu já sabia que não ias aparecer mas há sempre aquela réstia de esperança - merda para a esperança - de que as tuas palavras fossem verdadeiras desta vez. E lá fui eu, sempre na expectativa, a imaginar o que aconteceria quando te avistasse na curva. Corria para te abraçar? Fingia uma paragem cardio-respiratória à tua frente? Ou simplesmente te espetava com um beijo e depois fugia? Bolas, imaginei tanta coisa. Não fazes ideia da vontade que tive de desistir quando me vi obrigada a continuar com um buraco no peito, a frustração que me consumiu, mais do que o calor, mais do que o cansaço, mais do que a solidão. Podias logo ter dito que não conseguias ir, que não te apetecia, sei lá. A parte mais ingénua de mim não teria ficado à espera de reencontrar o teu sorriso no meio da multidão. A parte mais tola de mim não seria enganada uma vez mais. A parte mais sensível de mim não teria caído pelo precipício abaixo. Novamente.
Está feito. 42,195km em 4h18. Demorei este tempo todo a vir publicar no blog porque depois de uma prova destas, o sangue que chega ao cérebro já é pouco. Não sei muito bem como explicar esta corrida. Foi uma espécie de amor-ódio. Amor pelo sentimento inexplicável de estar a cortar a meta ao fim de 42km sem praticamente ter parado para andar, cumprindo um objectivo que tinha desde os 16 anos de idade. Ódio pelos horrores que sofri, principalmente entre o km 35 e 40, que foram sem dúvida aqueles durante os quais eu me fui mais abaixo com dores nas pernas. Ainda assim, diverti-me bastante durante o percurso, muito devido às dezenas de pessoas presentes nas ruas a apoiar (mas tenho a dizer que os franceses batem os tugas aos pontos em termos de claques). Ao cortar a meta, lá correu uma lagrimita solitária. Foi muita emoção junta.
Como já referi, não sei se será a primeira e a última maratona em que participo. Prefiro correr distâncias mais curtas e detesto os treinos com mais de 20km. Para além disso, correr este tipo de distâncias traz maleitas ao corpo a longo prazo, não vale a pena dizer que não. O objectivo foi cumprido e isso é que importa.
O dia M é já amanhã. M de Maratona. M de motivação, de mudança. M de meta. Amanhã é mais um dia especial, um dia que muda quem eu sou. É dia de cumprir um objectivo que já estava secretamente traçado há seis ou sete anos.
Os nervos já são muitos. É preciso preparar a roupa e os ténis, comprar os géis energéticos de última hora, certificar-me que tenho hidratos de carbono e proteína suficientes para o jantar de hoje e pequeno-almoço de amanhã, água a postos para uma boa hidratação antes da prova, pensos para evitar as bolhas, telemóvel com a bateria a 100%, elástico, cinto para prender o dorsal e levar os mantimentos mas, acima de tudo, uma mente preparada, consciente da dificuldade da prova e ainda assim motivada e confiante de que vai ser mais um objectivo de vida a riscar da lista.
O número do meu dorsal é o 4517 e poderão acompanhar o meu percurso fazendo o download da aplicação http://www.runrocknroll.com/…/20…/09/rock-n-roll-lisbon-app/ e depois rastreando o meu número de dorsal. Mais valioso do que isso seria ter o vosso apoio na rua! Haverá sempre momentos de solidão durante o percurso em que uma pessoa está já no limite das suas forças, a pensar em desistir e o apoio do público é fundamental nestas alturas. Pessoal da linha de Cascais, da zona de Belém, Alcântara, Baixa, Restauradores, Santa Apolónia, Expo, Lisboa inteira e arredores, os atletas precisam do vosso apoio! Deixo aqui um link com ideias para cartazes, não vos vá faltar a imaginação : http://www.correrlisboa.com/post_detail.php?id=668
Amanhã por esta hora já serei maratonista. Não prometo segurar as lágrimas!