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Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Pause

   Às vezes temos de fazer uma pausa para depois continuar em frente. E é o que eu preciso neste momento, de uma pausa. Será muito breve, prometo.

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O Par Perfeito

   Escolho sapatos como quem escolhe um vestido de noiva. Entro em vinte lojas, examino, experimento, torço o nariz, volto passados uns dias, procuro na internet e ao fim de uns meses e já em modo desespero por os meus já estarem todos rotos e sem sola lá acabo por levar um par. O que vale é que costuma durar para os três anos seguintes.

A Terra Parou

   Era um dia aparentemente normal no Centro de Investigação Geológica das ilhas Marshall até que a Terra se imobilizou. Nem para a frente, nem para trás, nem em rodopios sobre si própria, como se a pilha se tivesse finalmente gasto.

   O telefone tocou, interrompendo  a leitura do jornal do homem calvo, cuja única tarefa era vigiar os sismogramas, que pacatamente prosseguiam os seus desenhos irregulares sem grandes alterações. Pousou com desagrado a chávena de café em cima do jornal, acabando por entornar uma porção, prontamente absorvida pelo papel. Era o Presidente dos Estados Unidos, que não conseguia adormecer com toda aquela claridade que, à meia-noite, não havia meio de desaparecer dos jardins da Casa Branca. Segundos depois, outro telefone se pôs a tocar. Era o Primeiro Ministro Japonês irritado. Estava há duas horas sentado no alpendre à espera dos primeiros raios de sol para dar início à sua aula de ioga e a noite permanecia escura como breu.

   O homem estupefacto, sem saber como descalçar aquela bota, foi espreitar à janela. Constatou consternado que a sombra das palmeiras permanecia imutável desde que assumira o seu posto de trabalho algumas horas antes.

   O retinir ensurdecedor dos telefones tornou-se, numa questão de minutos, insuportável. O governante chinês queixou-se de não ter empregados suficientes para lhe servirem o pequeno-almoço porque os transportes estavam encerrados, o dirigente argentino barafustou com o zumbido incessante das moscas, que há horas deveriam ter recolhido e o ditador norte coreano ameaçou cortar-lhe a cabeça ao julgar que se tratava de um ataque terrorista contra o seu país.  

   Descendo até ao areal de mãos na cabeça, o homem olhou para o céu, em busca de uma resposta. E ali estava a lua, de mão dada com o sol, eternos apaixonados que tinham finalmente deixado de fugir um do outro.

The Night (Day) We Met

   Recordas-te bem do dia em que nos conhecemos. Muito melhor do que eu. Parece que foi noutra vida, na altura era uma miúda (e o que serei agora?). Para mim foste apenas outra pessoa, outro sorriso simpático, uma conversa informal, uma alma com a qual trocas algumas impressões e depois segues caminho.

I am not the only traveler
Who has not repaid his debt
I've been searching for a trail to follow again
Take me back to the night we met

  Nunca te dei atenção e penso que entendes porquê. E um dia descreveste a manhã desse dia de lágrimas no olhar. A forma como o teu coração bateu quando me viste sentada sozinha nas escadas da Faculdade de Psicologia. A singularidade que adivinhaste no meu sorriso. A minha postura misteriosa a falar, que carrego comigo para onde vou.

And then I can tell myself
What the hell I'm supposed to do
And then I can tell myself
Not to ride along with you

  Não sei se foi nesse momento que se soltaram as amarras que há muito me prendiam ao cais de embarque e que me deixei levar pela corrente marítima de um amor excepcional. Tive que rebuscar em memórias muito vagas para conseguir recordar alguns momentos daquele dia e para relembrar aquilo que para ti sempre fora tão nítido.

I had all and then most of you, some and now none of you
Take me back to the night we met
I don't know what I'm supposed to do, haunted by the ghost of you
Oh, take me back to the night we met

  Dizes que nada acontece por acaso e que tudo tem a sua razão de ser. Que há um sítio e uma hora para as coisas, para as pessoas, para os desenvolvimentos da vida. Também acredito nisso, embora haja a tendência para abraçar com maior convicção essa teoria quando tudo corre bem.

When the night was full of terror
And your eyes were filled with tears
When you had not touched me yet
Oh, take me back to the night we met

   Se me pudesses pegar na mão e levar-me de volta a esse dia, dir-te-ia para deixares o passado em paz. Se aconteceu assim, foi porque estava escrito nas estrelas. E não há que pedir desculpa por nada.

I had all and then most of you, some and now none of you
Take me back to the night we met
I don't know what I'm supposed to do, haunted by the ghost of you
Take me back to the night we met.

 

Para Que Serve

Para que servem as asas se não para voar?

Para que serve uma caneta se não para contar uma história?

Para que servem as nuvens se não para lhes descobrirmos forma?

Para que serve o sol se não para aquecer a alma?

Para que servem os sorrisos se não para espalhar felicidade?

Para que serve um beijo se não para apagar o trauma?

Para que servem os livros se não para escapar à realidade?

Para que serve a música se não para comunicar?

Para que servem as estrelas se não para nos guiar?

Para que serve um coração se não para amar?

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Não Me Mereces

   Vamos ser honestos: eu mereço mais do que me consegues dar. Sou mulher de tudo ou nada e quando aquilo que tenho de ti são migalhas...bem, prefiro morrer de fome logo à partida porque se as comer irei sofrer ao longo do tempo e o desfecho acabará por ser semelhante.

   Modéstia à parte, sou uma pessoa espectacular. Aventureira, carinhosa, que gosta de fazer supresas e que sacrifica muita coisa na vida só para mostrar que és importante. Qualquer homem teria sorte por me ter a seu lado. Mas eu não quero qualquer um, quero-te a ti. E o problema reside aí.

   Basta uma palavra carinhosa tua, um olhar demorado, um abraço que pára o tempo para que as palavras se emaranhem na minha boca, para que as minhas convicções se transformem em dúvidas e para que a amargura que em mim carrego derreta e toda eu seja um poço infindável de amor por ti. Bolas, podias tão bem ser o homem da minha vida. És tudo o que sempre procurei. Excepto que não me mereces.

Feira das Viagens

   Decorre até Domingo ao final da tarde a Feira das Viagens, no Campo Pequeno, em Lisboa. Já lá dei um saltinho ontem e achei a feira fraquinha. Poucas bancas e a maioria não tem nada de apelativo, nada que salte assim aos olhos. Os folhetos são já outra história bem diferente.

   Já se sabe que com as agências de viagens, acabamos por pagar em geral mais do que reservando por nós próprios as coisinhas todas (a menos que sejamos muito nabos ou tenhamos um budget ilimitado). A vantagem é que não temos de nos preocupar com nada de nada a não ser com cumprir horários. República Dominicana, Cuba, México, circuitos pela Ásia e Europa, escapadinhas às ilhas do Mediterrâneo, safaris por África mas também viagens pela nossa terra, havia para todos os gostos e cada folheto era mais apelativo do que o anterior.

   E lá comecei eu a divagar, a ponderar, a fazer contas de cabeça. Queria tanto fugir daqui por uns dias, conhecer um novo destino e deixar em Lisboa os problemas todos! Sonho em voltar à Ásia um dia, aos meus elefantes protegidos (acreditam que a Top Altântico ainda vende pacotes com passeios de elefante???!!!), às praias paradisíacas, a poder viajar apenas com 15€ por dia. Mas a América do Sul chama cada vez mais por mim. Adorava ir visitar a minha colega de quarto do Tennessee a Lima, no Perú. E já agora, aproveitava para conhecer o país dela, o Chile, a Bolívia e quem sabe mais uns quantos ali ao lado. E a Sardenha, pá? O que aquelas águas cristalinas chamam por mim. Talvez tanto quanto Malta ou Chipre. E a Grécia, sempre a Grécia na minha mente.

   No final de contas, depois de muita matemática feita, chego à conclusão que a minha carteira não dá para nada disto. Preciso de arranjar emprego em breve e começar a angariar dinheiro para estas aventuras. No entanto, vi também na feira que um intra rail de sete dias com seis noites em Pousadas da Juventude incluídas no bilhete ficava bastante em conta e que até poderia ser uma opção para uma semana bem passada em Julho. Sempre quis conhecer Guimarães, Aveiro, fazer os Passadiços do Paiva e regressar ao Douro portanto eis aqui uma óptima oportunidade. Ainda nada é certo mas enquanto isso uma miúda pode sonhar...

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Ainda a Tese

   Já deve estar quase a fazer um ano desde o dia em que a nossa directora de curso tirou uma hora para nos explicar como é que se processavam os estágios e a dissertação de mestrado. Recordo-me de ela dizer que o processo de escrita da tese era difícil e solitário, que muitas vezes íamos ter vontade de desistir, de ir para a praia, de contar moscas. Referiu inclusive que era a parte mais complicada do curso. E eu na altura pensei que não seria o meu caso, que gostava de escrever e que não seria assim tão difícil escrever sessenta páginas para despachar seis anos a penar. Julguei que dois meses seriam suficientes, que conseguiria dedicar-me de alma e coração à tese e que certamente não seria a parte mais complicada deste curso. 

   E afinal, a senhora tinha razão. Cheguei a Portugal há mais de três meses e nem metade da tese tenho feita. À sexta-feira convenço-me que no fim-de-semana vou adiantar isto. E depois há sempre coisas mais interessantes a fazer, nem que seja procrastinar na internet. Durante a semana tenho as segundas e as quartas livres mas também parece haver sempre qualquer coisa a atrapalhar, seja um compromisso, uma consulta, um contratempo. E depois se já tenho a tarde cortada, convenço-me de que nas duas horas que me restam já não vou fazer nada e meto-me antes a ler ou a ver uma série. Quem diria que o sexto ano seria o mais "liberal" mas também o mais difícil de passar. 

   15 de Junho é a data limite que impus a mim própria para entregar a dissertação. Der por onde der, quero ir de férias com a cédula profissional no bolso.

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Magic

   Ela dizia que não mas acreditava em unicórnios. Daqueles com um corno da cor do arco-íris, pelagem branca imaculada, uma crina incrivelmente longa a vacilar ao sabor do vento.

   Ela negava mas ao mergulhar nas águas profundas do oceano via-se como uma sereia, batendo as pernas em uníssono enquanto acompanhava um cardume de peixes coloridos.

   Ela contestava mas desde pequena acreditava na força do destino, daquilo que, quer queiramos, quer não, já está há muito escrito nas estrelas, definido nas entrelinhas daquilo que achamos serem as nossas próprias decisões.

   Ela refutava com veemência mas sempre soubera da existência de Príncipes Encantados. Nunca primorosos, nunca imaculados, imperfeitos como toda a gente, desprovidos de cavalos brancos ou sem coragem para se aproximarem sequer de um dragão. Na verdade, sapos com as características certas para a Princesa adequada. 

   Ela contrapunha mas achava secretamente que contos de fadas podiam ser adaptados à realidade, moldados à dureza da vida, à rispidez da rotina, à austeridade do tempo a passar, à incomplacência da morte.

   Ela desmentia tudo. Mas no fundo da sua alma, era e seria para sempre eterna sonhadora, menina dos sorrisos fáceis, criança apaixonada pela magia de um grande amor.

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