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Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Bula

   No meu bolso da camisa carrego sempre uma pequena seringa, exactamente como as de insulina para que o seu conteúdo me seja injectado directamente no coração em caso de emergência. 

   Ao pescoço trago sempre uma medalha com as instruções no interior, pois muitos desconhecem o seu propósito e não saberiam o que fazer se me vissem deitado inerte no passeio, a murmurar o teu nome de forma contínua e sem intermitências.

   "Forma de apresentação: líquido injectável, 0.5ml.

   Composição: memórias felizes do sorriso dela, a imagem do seu cabelo ondulado ao vento, sensação do toque da sua pele, promessas murmuradas ao ouvido num dia leve e solarengo.

   Indicações terapêuticas: este medicamento deve ser usado em crises de saudade agudas em que se verifiquem estados tónico-clónicos de nostalgias do passado ou colapsos de melancolia sem resposta do paciente à chamada ao presente.

   Modo de utilização: destapar a agulha e cravar directamente no coração, com um movimento seco e seguro. A sua acção deverá ser confirmada trinta segundos após o procedimento. Em caso de sobredosagem, consultar um médico dos sentimentos de imediato pois poderá levar a uma cegueira permanente e a uma obnubilação do sentido do gosto para toda a vida (isto é, o paciente sentirá o beijo dela de forma constante para sempre).

   Contra-indicações: não usar em casos leves de saudade, pois poderá potenciar a mesma e levar a um estado comatoso de mágoa. Não indicado para corações partidos há menos de dois dias pois poderá levar ao aumento de tendências suicidas. Medicamento perigoso para crianças e grávidas.

   Em caso de persistência dos sintomas, recomenda-se um encontro com a pessoa em questão (ou pelo menos um telefonema). O laboratório não se responsabiliza pelos danos causados por qualquer reatar de relacionamento."

O Futuro Aqui à Porta

   Eles gostam de mim e eu gosto deles. Eles querem-me lá e eu quero lá estar. Por eles ficava, e por mim também. Mas o chefe diz que não precisa de mais pessoal agora e em princípio não vai sair ninguém brevemente.

   Tenho motivos para ir e também os tenho para ficar. Se encontrasse um sítio com boas condições e onde pudesse prosseguir com a minha curva de aprendizagem, provavelmente não hesitava. Não o encontrando, as decisões tornam-se mais difíceis. Para onde ir? E por onde começar? E se quiser experimentar uma coisa diferente durante um ano ou dois, como trabalhar a troco de um tecto, comida e pouco mais na Ásia ou em África, até mesmo com espécies diferentes? Ou lanço-me logo para um internato algures na Europa? E vejo os colegas mais velhos tão desmotivados, sempre no limite da exaustão, a serem pressionados diariamente de todos os lados para dar mais e melhor. Dizem-me que é a minha última oportunidade para saltar fora. Será que têm razão? Se calhar devia tornar-me instrutora de mergulho e ir para um qualquer paraíso tropical trabalhar com turistas, que sempre foi o meu plano B. 

   Estar prestes a entrar no mercado de trabalho é aterrorizador. Sou assaltada por todas estas dúvidas e mais algumas e por enquanto vou deixando a coisa fluir porque agora já só devo defender a tese em Setembro, portanto antes disso nem vale a pena andar a mandar currículos nem à procura de anúncios porque as vagas são rapidamente preenchidas. Mas há-de correr tudo bem. E se não gostar do caminho que estou a seguir, haverá sempre outra opção. O importante é não me resignar nunca se não estiver satisfeita, como acontece com tanta gente que conheço.

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Tico e Teco

Tico: Se calhar fui muito estúpida, devia pedir desculpa.

Teco: Não fui nada estúpida, ele é que é um hipócrita idiota.

Neurónio moderador: Pessoal, é meia noite e amanhã acordamos às 7h para ir treinar, toca a dormir.

Tico: Não, não. Fui mesmo uma cabra fria e insensível e tenho de lhe enviar uma mensagem.

Teco: Mas ele não merece nenhum pedido de desculpas, apesar de estar certo acerca deste assunto. Só merece ficar a sofrer com os meus silêncios ensurdecedores.

Neurónio moderador: Amanhã não temos uma tese para corrigir nem nada...

Tico: Ai, pronto, vou ligar de novo o telemóvel e enviar uma mensagem. Já não aguento mais!

Teco: Nãaaaoooo, espera até amanhã, não te vás arrepender.

Neurónio moderador: uma da manhã ei bem bom, duas da manhã bem bom, já três da manhã ei bem bom...

Tico: Já está, espero que ele não seja parvo como eu e pelo menos me responda.

Teco: Burra, burra, burra. De que serve teres vários neurónios se só usas um, que é o que está mais próximo do coração?

Neurónio moderador: E é tudo por hoje, amanhã cá estaremos para debater mais um dilema da vida! Zzzzzzzzzzz....

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Corrida Das Fogueiras

   Não há gente neste país como o povo de Peniche. Todos os anos, são aos milhares. Eles cantam, eles gritam, eles apoiam, eles batem palmas, eles põem música, eles levam panelas, eles estendem as mãos para um "high five", eles fazem a festa. É maioritariamente por causa deste calor humano que todos os anos regresso a Peniche para mais uma edição da Corrida das Fogueiras. Não há prova como esta em termos de ambiente. 

   O plano é sempre o mesmo: chegar cedo, dar um passeio pela praia e/ou pela vila, abastecer bem o estômago, equipar e correr 15km no fresquinho de Peniche, com as fogueiras a iluminarem o caminho e milhares de pessoas na rua a apoiarem os participantes. A diferença dos últimos anos tem sido na participação da equipa. Se em 2015 levamos uns 20 Mov'ets a esta corrida e fizemos um mega picnic no final, este ano estávamos reduzidos a três elementos, o que acaba por não ser tão engraçado. Ainda assim, a Corrida das Fogueiras continua a estar no topo das minhas provas preferidas e espero poder vir a realizá-la muitas mais vezes com o mesmo entusiasmo de sempre!

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Mergulha de Cabeça

   Mergulha de cabeça. Mesmo que a água pareça escura e fria, não hesites. Fecha os olhos, inspira fundo e ouve o teu coração bater descompassadamente no peito antes de te entregares ao vazio. Sente o sabor do medo na boca, engole em seco e vai.

   A vida é demasiado curta para viveres numa marina preso com amarras. Não fiques na praia a chapinhar nas poças. Atira-te com alma, mesmo que a água te congele até aos ossos e as ondas ameacem engolir-te por inteiro. Não te diminuas, não te rendas, não te feches em ti próprio. Não aceites um lago quando podes conquistar um oceano. 

   Só quem tem medo de perder terra de vista nunca anda à deriva. E é melhor vagueares sem destino por algum tempo que perderes-te de ti próprio para sempre, mergulhado na dúvida do que teria acontecido se tivesses decidido arriscar por aquilo que sempre sonhaste. É por teres receio de perder que acabas por ficar sem nada. O medo consome a ambição, destrói os sonhos, alimenta-se das inseguranças e hesitações e ofusca a felicidade. Por isso vai. Tenta. Arrisca. Não deixes que o destino lance os dados por ti. Faz batota e põe um seis virado para cima em cada um deles. A vida é demasiado curta para aceitar apenas um dois. Se tiveres que, em alguma altura, andar umas quantas casas para trás, pensa positivo: pelo menos não passaste o jogo quase todo na prisão, a ver a vida passar atrás das barras que não ousas quebrar.

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A Mota

  “Não tenho medo nenhum”. Mas tinha. O vento a bater-lhe nos olhos com força, as casas a passarem-lhe ao lado como uma pintura desfocada, a curta distância a que passavam dos carros, as curvas mais apertadas que os obrigavam a inclinarem-se para um dos lados, as ultrapassagens sem aquela segurança de estar dentro de uma caixa de alumínio. O seu coração palpitava de medo e ao mesmo tempo um sorriso imenso rasgava-lhe o rosto por debaixo do capacete em tons rosados. Agarrou-se um pouco mais a ele, apesar da noite estar abafada e do vento que os fustigava ser quente como se estivessem num país tropical. Olhou para o céu à procura da lua mas ela andava desaparecida há já uns dias. Nem uma estrela espreitava, por entre as nuvens zangadas que cobriam os céus. Ainda assim, era a noite mais bonita que vira nos últimos tempos. Nunca percorrer aquela autoestrada lhe trouxera tanta felicidade. Chegou a casa com os músculos da cara doridos de tanto sorrir. Tinha medo de andar de mota, sim. Mas o medo era uma sombra fugitiva sempre que o calor do corpo dele encontrava o seu.

 

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Pedrógão Grande

   Parte de mim cresceu em Pedrógão Grande. Não sei de que ano são as minhas memórias mais antigas dessa vila esquecida a um canto do concelho de Leiria mas são remotas. Parte da família da minha avó habitava em Pedrógão e muitas vezes continuamos a ir passar fins-de-semana prolongados ou férias a esta zona rural (os meus pais estiveram lá há dois dias artrás). Lembro-me de estar a comer no terraço e vir uma vespa roubar-me um pedaço de carne. Devia ter uns quatro ou cinco anos. Lembro-me de me ter calhado levar o porquinho da índia da turma para casa numas férias na Primavera e ele não teve outro remédio senão ir connosco (e que feliz que por ali andava à solta!). Nessa altura ainda não andava sequer na primária. Depois lembro-me das dezenas de caminhadas pelos campos em redor, pela floresta, lembro-me da Ponte Romana ali tão perto, das tardes passadas no parque infantil com os meus primos, dos passeios de bicicleta com o meu irmão, dos almoços no Penedo, que entretanto fechou, das tardes passadas junto à barragem, a atirar pedras à água ou a tentar apanhar peixes com paus, de ir buscar laranjas a um terreno que o meu avô lá tinha, das descidas de carro até ao rio (aqui). Lembro com muita saudade da Teté, que foi como uma avó para mim, e que me ensinou o significado das sirenes dos bombeiros (aqui). Se ainda fosse viva, com certeza tê-las-ia ouvido ressoar sem sossego durante horas a fio.

   O fogo não é novidade por aqueles lados mas nunca se viu nada assim. Não há palavras para descrever.

 

World Life Experience

  Já não sei como é que dei com isto. Possivelmente foi no Facebook. De vez em quando, lá aparecem estes programas de sonho no meu feed de notícias e, a menos que não me pareçam fidedignos, inscrevo-me sempre (infelizmente nunca fui seleccionada)!. De que é que estou a falar? Daqueles programas em que eles escolhem um ou vários jovens para irem dar a volta ao mundo com tudo pago. Por vezes metem programas de voluntariado pelo meio, outras vezes é preciso escrever num blog, outras ainda estão mais ligadas à fotografia.

   O que é que a World Life Experience tem de diferente? O projecto foi criado por dois empreendedores portugueses e está a causar furor nas redes sociais. São doze pessoas, quarenta destinos, um ano a percorrer o mundo com quatro períodos de duas semanas de intervalo para poder ir a casa, tudo pago e ainda um salário de 2500€.

   Os candidatos têm que ter entre 20 e 35 anos e serão seleccionados de acordo com as respostas que derem a um questionário que é preenchido aquando da inscrição. Serão seleccionados dois candidatos para cada perfil: o aventureiro (eu, eu!), o voluntário (eu, eu!), o experiente, o viajado (eu, eu!), o entretainer e o estudante (eu, eu!). Para se inscreverem é ainda necessário pagar uma taxa de 9€, sendo que uma parte desse dinheiro reverte para uma ONG à escolha. Serão escolhidos trinta finalistas para uma entrevista final que determinará quem serão os doze eleitos para esta experiência de sonho.

   Os objectivos deste projecto passam pela promoção da responsabilidade social, por oferecer aos participantes uma experiência única na vida e por chamar a atenção para a diversidade social e cultural do nosso planeta. Para além de realizarem todas as actividades em grupo, os participantes apenas terão de relatar as suas aventuras nas redes sociais e partilhar com o mundo aquilo que estão a viver. As inscrições acabam a 30 de Junho. Eu já me inscrevi!

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