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Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Ando Meio Ausente

   Ultimamente tenho andado com pouca vontade de escrever aqui no blog e também com pouca inspiração para os meus textos. O trabalho consome grande parte da minha semana e quando finalmente me vejo no meu quarto só me apetece ver uma série e relaxar um pouco. Entretanto não deixei as minhas corridas para trás e na semana passada pude sair 3x para correr. No domingo houve uma prova solidária cujo dinheiro revertia a favor de associações contra o cancro da mama e lá fui eu participar, na companhia de outros colegas de profissão e auxiliares do hospital. O percurso era facílimo (tudo plano) e senti-me muito bem, acabando por bater o meu recorde pessoal ao fazer os 10km em 46 minutos e 22 segundos.

   Entretanto, há já várias semanas que tinha a maratona dos Alpes Maritimes Nice - Cannes debaixo de olho mas fiquei desanimada quando me deram o horário e vi que tinha de fazer noite de sábado para domingo e não poderia participar. Ontem pedi a uma colega para me trocar a noite e ela aceitou, o que significa que no próximo domingo lá vou eu cometer uma pequena loucura e correr a minha segunda maratona em 3 semanas.

   A minha vida aqui será um pouco isso: trabalhar que nem um cão e sair para correr quando me sentir com forças para tal. E passear um bocadinho, claro. Já tenho um passeio até Antibes planeado para o feriado que aí vem e outro até Nice na minha folga de sexta para poder recolher o meu dorsal e sair um pouco de Cannes. Levo a máquina fotográfica para depois partilhar convosco a experiência de descobrir pouco a pouco a Côte D'Azur!

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Desafio 32: 10 perguntas sobre mim

   Hoje venho aqui responder ao desafio lançado pela Simple Girl de responder a 10 perguntinhas sobre tudo um pouco. Aqui vamos nós! :)

 

1. Quais são as tuas 3 músicas favoritas?

When You Say Nothing at All do Ronan Keating, On Top of the World dos Imagine Dragons e penso que neste momento poderei incluir nesta lista a How Would You Feel do Ed Sheeran porque ganhou uma importância enorme este ano.

 

2. Tens algum medo que seja estranho?

Não...aranhas e tal...não é estranho. Mas tenho uma amiga que tem pânico de baleias! 

 

3. Banda favorita?

Há uns anos atrás seria muito fácil de responder a esta. Hoje em dia não tenho banda favorita, se bem que adoro Bon Jovi, Xutos e Guns n Roses.

 

4. Qual é a música que mais odeias?

Provavelmente será alguma música pimba qualquer.

 

5. Para ti, qual é o relacionamento perfeito?

Um relacionamento baseado na confiança, no respeito, em que haja abertura para falar de tudo e especialmente dos problemas, no qual os dois intervenientes sejam fiéis, com sentido de humor, amizade e sobretudo muito amor.

 

6. Se pudesses reviver qualquer acontecimento da tua vida, qual seria?

Acho que neste momento escolhia viver o 15 de Março ou o 3 de Maio deste ano, sinceramente.

 

7. Estás feliz com a pessoa em que te tornaste?

Há aspectos que sim, outros que não. Há coisas em mim que me incomodam, defeitos que me fazem sentir mal. Mas no geral penso que me tornei numa gaja porreira que tenta contribuir qualquer coisinha para melhorar o planeta em que vivemos.

 

8. Guardas rancor das pessoas que te magoaram?

Não, para quê? Guardar rancor só nos traz mágoa e isso não é bom para a nossa saúde mental ou mesmo física. Que venha o karma e trate de quem me magoou.

 

9. O que estavas a fazer ontem às 15:00?

Tinha acabado de chegar a casa, depois de uma corrida de 10km com os colegas de trabalho e um belo pic nic na praia! 

 

10. Como é que alivias a raiva?

Corrida, corrida, corrida. Correr ajuda-me a livrar-me da raiva, da tristeza, da desilusão, do medo. Correr torna-me mais forte, mais confiante, mais alegre.

Não tem nada a ver

   Na altura em que me candidatei para fazer este internato, fiquei a pensar se seria uma experiência parecida à que tive nos Estados Unidos ou se seria mais ao estilo do trabalho que tinha em Portugal desde Setembro.

   Nos primeiros três dias estive mais só a observar. Oficialmente, só comecei o internato no dia 25 e mesmo assim, na primeira semana ainda estou em integração. No entanto, logo no primeiro dia fui ver como é que funcionavam as cirurgias e passaram-me logo um bisturi para as mãos. Mais para o final do dia, sem saber bem como, estava a fazer esterilizações de gatas sozinha no bloco operatório, sem qualquer ajuda, sendo que de vez em quando vinha uma auxiliar perguntar se estava tudo bem.

   No segundo dia ensinaram-me a fazer uma abdominocentese (para quem não sabe, é retirar líquido da cavidade abdominal com uma agulha e um ecógrafo), deixaram-me treinar ecografias e como viram que eu já era uma profissional a colocar catéteres, vinham-me sempre pedir para treinar mais um pouco. Entretanto tenho visto de tudo um pouco, tenho utilizado vários meios de diagnóstico que não se usam muito em Portugal e acho que já aprendi mais aqui desde domingo passado do que no mês e meio que estive a trabalhar na Margem Sul.

   Sei que quando começar a fazer noites não vou poder estar tão presente durante o dia porque, pelo que tenho visto, há muitas urgências nocturnas aqui e a coisa sai um pouco fora de controlo para que depois seja possível não dormir durante uma boa parte do dia mas acho que vai ser um ano cheio de novas aprendizagens, experiências e trabalho. É bom poder trabalhar e aprender ao mesmo tempo porque a evolução profissional é muito importante neste ramo e acabamos por sair da faculdade com boas bases teóricas mas falta a sua aplicação prática.

   Portanto, após uma semana aqui posso já dizer que esta experiência não tem nada a ver com aquilo a que estava habituada em Portugal e que se assemelha um pouco mais ao estágio nos Estados Unidos, sem contar com o facto de aqui ter sempre duas ou três noites por semana para fazer. 

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Faltam dois meses!

   Alerta, alerta,alerta! Quem me conhece bem sabe que sou maluquinha por músicas de Natal! Este ano não parece nada que já estamos no final de Outubro mas a verdade é que faltam dois meses para o melhor dia do ano (e provavelmente poderei ir a casa nessa altura)! E isso significa, senhores e senhoras, que já tenho todo o direito de começar a ouvir músicas de Natal! Portanto, venham elas e todo o espírito de alegria, amor, partilha e paz que lhes estão associadas.

Paciência

   O sol eleva-se ao longe da superfície plana que é o mar, desabrochando com esplendor para dar ao céu uma tonalidade que vai variando entre o rosa e o laranja. Ao longe, as montanhas parecem ganhar vida, erguendo-se como arranha céus naturais que contrastam com a horizontalidade do percurso que vou galgando. As ondas vão abraçando os rochedos junto à praia e fazem-me lembrar das tuas mãos que se entrelaçam nas minhas como se apenas unidas funcionassem. Inspiro profundamente e quase consigo sentir o teu perfume invadir-me as narinas antes de me aperceber que é antes o cheiro da maresia que me preenche a mente de uma sensação de tranquilidade. O vento beija-me a pele a descoberto e é como se fossem os teus lábios carinhosos junto do meu pescoço, envolvendo cada milímetro do mesmo com uma ternura extrema. Arrepio-me. O sol cega-me quando dou meia volta mas lembra-me os teus olhos brilhantes naquela tarde de Maio quando fomos à piscina. São dois astros que se comparam facilmente, os teus olhos e o sol. Basta observar com atenção. A cidade desperta finalmente mas o meu percurso está feito por hoje. Termino com o coração repleto de memórias e um sorriso algo melancólico no rosto. A chuva virá para limpar o resto da angústia, meu amor. É preciso paciência.

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Diário de uma Avec #1

   E assim nasce uma nova rúbrica aqui no blog, que irá acompanhar as alegrias e as tristezas de uma alfacinha de gema numa aventura de um ano por terras francófonas. Será uma rúbrica onde falarei de burocracias, das dificuldades encontradas como emigrante, de expectativas e do que acontece na realidade.

 

   Se vos dissesse que tive uma viagem até Cannes feliz, estaria a mentir com todos os dentes. Estive a um emigrante de regressar a casa. Mas vamos por partes.

   Arrancar no carro e deixar os meus pais para trás foi a primeira facada no coração. Mas já sabia que essa parte ia custar. Lá fui eu, atravessando o país, nevoeiro e chuva dentro e fora do carro. A rádio lá me ia animando de tempos a tempos e ainda ri um bom bocado já não sei com quê. Depois entrei em Espanha e a Comercial morreu. Mais um golpe fundo. As emissoras espanholas são uma bela porcaria.

   Parei pouco para descansar. Duas vezes em ambas as fronteiras para atestar e algures no meio da Espanha para comer o meu bacalhau com natas frio (emigra que é emigra leva o farnel, correcto?). Mesmo assim estava a fazer mais tempo do que o previsto porque era uma distância estupidamente grande e o GPS dava-me a duração do percurso para uma velocidade que se não era a do limite máximo, estava lá próxima. Cada vez que via um carro com matrícula portuguesa, era uma festa na minha cabeça. Em Espanha ainda se viam uns quantos mas depois em França já só vi um e mais dois ou três camiões.

   Quando ontem cheguei a Toulouse tinha 5% de bateria no GPS e faltavam dez minutos para as 21h, sendo que eu tinha que fazer check in no hotel até essa hora. Enganei-me numa rotunda, entrei outra vez na autoestrada e foi o pânico total. Chorei, maldizi tudo e mais alguma coisa, hiperventilei e por fim ia partindo o carro todo com o nervosismo. Lá cheguei cinco minutos depois da hora, com 3% de bateria, e afinal a recepção fechava às 21h mas havia uma máquina na rua para fazer o check in automático. Nessa noite pensei logo que não ia aguentar um ano longe de casa mas tomei um duche, jantei e depois relaxei um pouco antes de dormir.

   Acabei por não pregar olho com o barulho de pessoas a entrarem e a saírem dos quartos, com os carros a passarem na autoestrada ali à frente e também com medo que vissem que tinha uma mala dentro do carro e mo assaltassem. Arranquei hesitante e ao longo do percuso fui abrandando o ritmo de propósito. A verdade é que estava cheia de medo de ter tomado a decisão errada. Quando parei na estação de serviço de Nimes, a 2h30 do destino final, a máquina não queria aceitar o meu cartão para pagar a gasolina e foi nesse momento que pensei "que se lixe o internato, vou voltar para casa". Mas pensei mesmo. A sério. E então apareceu um emigrante português que me ajudou. Deve ter percebido que eu estava a chorar porque foi muito prestável e disse que ia correr tudo bem. E foi esse senhor que fez com que esta publicação não fosse escrita em Portugal.

   Depois disso ainda falei com mais um amigo que me incentivou a continuar e a pensar nisto como uma maratona que tem de ser feita km a km e sem estar constantemente a pensar na enormidade que resta para chegar ao final. A partir daí foi tudo mais fácil. Agora já vi o hospital, já desfiz as malas, já comprei comida para os próximos dias. Tenho o meu quartinho, conheci a colega que me vai acompanhar neste ano de internato e já tenho em cima da secretária o porta medalhas que recebi pelo aniversário (só falta mesmo arranjar uns pregos para colocar na parede e exibir as medalhas que também vieram). Amanhã vou correr à beira mar e ficar a conhecer a famosa Promenade de la Croisette. Suspeito que vou correr muitos e muitos quilómetros neste paredão nos próximos tempos. Mas um passo de cada vez. E o primeiro é sempre o mais difícil.

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Cá vou eu!

   Por esta altura já eu vou a caminho de Cannes no meu carrinho! Tenho 1260 km para fazer no dia de hoje e mais quase 600 amanhã. O objectivo é chegar até Toulouse, onde já tenho uma noite reservada, e prosseguir então no sábado. Não vai ser um percurso fácil e sem dúvida que vou chegar muito cansada mas fiquei de estar no hospital à hora de almoço do dia 21 e vou cumprir. Da próxima vez que publicar já estarei instalada naquela que vai ser a minha casa no próximo ano. C'est parti!

24

   Hoje é mais um dia especial. Há vinte e quatro Primaveras atrás, chegava eu ao mundo. Os vinte e três foram o ano mais bipolar que tive até agora. Foi um ano de muita felicidade, muitas conquistas pessoais, muitas metas atingidas mas foi também o ano em que deixei que alguém tivesse tanta influência na minha vida que foi capaz de me arrastar para uma profunda tristeza da qual tenho lutado para todos os dias me conseguir livrar um bocadinho mais do que no dia anterior.

   Ainda assim, é às coisas boas que quero hoje brindar. À maravilhosa viagem que fiz nos Estados Unidos, à experiência única que vivi no Tennessee, às pessoas incríveis que conheci durante a minha jornada, a ter dito "amo-te" a alguém pela primeira vez na vida, à conclusão da tese de mestrado e do curso de Medicina Veterinária, às viagens até Manchester, Grécia, Madeira, Suécia, Finlândia, Rússia e Estónia, a ter batido os recordes pessoais aos 10km, 15km, 21km e 42km, ao primeiro emprego, ao primeiro carro, à segunda maratona com um tempo muito bom, a todos os dias de praia e de concertos em Cascais, a duas novas tatuagens, à minha família e amigos (e em especial, aos que estiveram sempre presentes e não me julgaram quando precisei de desabafar), às minhas filhas de quatro patas e finalmente à minha ida para França. Vistas as coisas desta perspectiva, não tenho muito por onde me queixar, pois não? :)

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Agora é de Vez

   Estou a viver uma espécie de déjà vu com esta ida para Cannes. No ano passado foi exactamente igual: fiz a maratona uns dias antes de partir e a ansiedade e excitação toda da prova mascararam um pouco as mesmas emoções relativamente à partida.

   Quando faltam umas semanas, é a alegria e a excitação que imperam, embora permaneça calma acerca do assunto. A uns dias de partir, começam a surgir aquelas dúvidas normais de quem tem medo. Será que vai correr bem? Será que me vou adaptar? Será que vão gostar de mim? E se não gostar de lá estar? E se não conseguir aguentar as saudades de casa? Um ano parece uma eternidade. Mas se pensar melhor, há um ano atrás andava eu a passear por San Francisco e parece que foi ontem. É tudo muito relativo. Há aquela expressão que diz "Vai. E se der medo, vai com medo". E é isso que eu faço. Sempre. Vou com medo, com dúvidas, com receios e também com alguma tristeza claro. Mas acima de tudo vou com expectativa, com esperança, com a mente aberta, com muita vontade de conquistar os sonhos que me pertencem e com exactamente a mesma sensação que tinha no ano passado - a de que vai correr tudo bem.

   Agora é de vez. Pouco mais de um dia e cá vou eu. 

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