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Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Uma Semana Perfeita

   Cheguei hoje a Cannes depois de seis dias em Portugal. Não quis actualizar o blog enquanto estive em casa porque preferi aproveitar cada segundo e também porque se o fizesse ia ter a sensação de que já estava a acabar. Tive uma das melhores semanas da minha vida e nem sei bem explicar porquê. Aproveitei cada segundo, desfrutei de cada sensação, desde o olhar pela janela do avião e avistar a Ponte Vasco da Gama até ao momento em que aterrei há pouco em Nice ainda com um ténue clarão luminoso a evidenciar todas as montanhas que se elevam ao longe e rodeiam a cidade. 

   Há dois anos tinha quase a certeza de que seria o último Natal que passaria com a minha avó ainda presente porque já sabia que no ano seguinte estaria nos Estados Unidos e como ela tem Alzheimer já há alguns anos e acaba por ser também muito debilitante para o sistema imunitário, julguei que seria o último. Felizmente este ano ainda pude chegar a tempo de celebrar o Natal com ela e estou muito grata por isso.

   Cheguei a tempo do perú, dos sonhos, da tarte de maçã, das azevias, do bolo de chocolate e do ananás. Não cheguei a tempo de provar o bacalhau na consoada mas não foi nada que não se resolvesse no dia 26, durante o qual também festejámos até ao cair da noite.

   Corri duas vezes. Uma em Cascais, quase até ao Guincho, numa tarde de tempestade (e que bem que me soube!) e outra na São Silvestre de Lisboa, num ambiente incrível que me deixou de lágrima ao canto do olho.

   Estive com amigos do peito, tomei cafés, dei passeios pelo parque e pela cidade, experimentei novos locais como a Leitaria do Paço. Vi as luzes de Natal e a árvore gigante do Terreiro do Paço. E não imaginam o quanto isso foi importante para mim.

   Experimentei a nova máquina de café lá de casa e acabei a fazer cappuccinos e lattes todos os dias tamanha a maravilha que aquilo é. Apreciei cada pequeno-almoço tomado na rua, acompanhada pela família, ou em casa, sozinha com os meus pensamentos e dentro do meu robe quentinho.

   Passeei as cadelas com calma e um sorriso no rosto. Beijei-as e abracei-as muitas vezes e estraguei-as com mimos (biscoitos incluídos).

   Fui jantar fora duas vezes, tive direito a ir ao cinema e num dos dias ainda fui ao Bacalhôa Buddha Eden Garden passear.

   Mais importante do que tudo isso, fui para Portugal solteira e regressei a Nice numa relação séria. Já aqui vos tinha falado do rapaz que conheci na Corrida do Tejo e com quem treinei várias vezes antes de partir. Depois disso continuámos a falar diariamente e as coisas foram evoluindo. Era óbvio que alguma coisa teria que acontecer na minha curta visita. Estivémos juntos quatro dos seis dias, fizemos muitos programas e aos poucos estou a começar a gostar muito dele. Não vou mentir e dizer que os sentimentos que tinha pela pessoa que tornou o meu 2017 num ano tão irregular desapareceram por completo. Alguns ainda cá estão, outros já se foram. E há quem possa pensar que é injusto e egoísta da minha parte estar com uma pessoa quando ainda há uma pequena parte de mim agarrada a outra. E eu compreendo. Mas acho que estar com o J. me vai ajudar a superar o trauma deste ano mais depressa e acredito que daqui a uns tempos vou estar apaixonada por ele a 200% e nunca mais o N. se me vai atravessar em pensamento a não ser pela amizado que nutro por ele. 

   Estou feliz. Genuinamente feliz. Há meses que não me sentia assim, tão leve, tão alegre, tão capaz de apreciar as pequenas coisa da vida. Tenho a certeza que 2018 será muito melhor que 2017. Estou de coração cheio e não podia terminar o ano da melhor forma.

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Feliz Natal

   Se há coisa que passar o Natal longe da família no ano passado e também parte dele neste ano me ensinou é que o melhor presente que podemos dar uns aos outros é estarmos presentes. E não me refiro apenas fisicamente mas também espitualmente. De nada serve estarmos à mesa se consultamos o telemóvel de cinco em cinco minutos. Pouco vale passarmos horas e horas à frente da televisão ou trocarmos presentes, comermos os bolos e irmos embora com pouca ou nenhuma interacção.

   Abracem, beijem, conversem, riam. Sejam felizes hoje, amanhã e já agora no resto do ano também. Desejo um excelente Natal a toda a gente que me lê. Esta noite estou de serviço mas amanhã por esta hora já estarei à espera do voo que me levará para junto dos meus .

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Quanto Tempo Mais?

Há uma parte de mim que aguarda com ansiedade a tua mensagem. Tremem-me as mãos de cada vez que alcanço o telemóvel porque há uma luz que pisca. Bate com fervor o coração quando o som de uma notificação me chega ao ouvido. E suspiro com um aperto no peito e um nó na garganta ao constatar que não és tu. Ainda.

Receio-me a mim própria. Tenho medo de não ser forte o suficiente para te negar. Não posso cair de novo no mesmo erro. Não posso cair de novo no teu abraço. E ao mesmo tempo quero tanto.

Estou presa. Em mim, em ti, em nós. Presa a um passado que não sou capaz de largar, agarrada a um futuro que nunca terei.  Não sei o que fazer do meu presente quando recordações e esperanças é tudo o que guardo de ti cá dentro.

Quanto tempo mais?

Para quê, perguntas.

E eu não sei ao certo.

Para receber essa tua mensagem. Para poder dizer-te que não, que estou triste por não teres aprendido a lição, para fingir que estou ofendida e zangada contigo. Ou então para aceitar sem sequer deixar que o meu cérebro processe a informação porque tudo o que desejo é que me olhes nos olhos como o fazias há uns meses atrás e me murmures “gosto tanto de ti” enquanto o mundo dorme lá fora.

Para podermos ficar juntos. Para sempre.

Para que toda esta mágoa se vá.

Para o fim do mundo.

Sei lá.

Só sei que continuo à espera.

Reflexo

   Observo-os de forma discreta pelo canto do olho, num misto de felicidade, melancolia e também, devo confessar, um certo ciúme. A cumplicidade entre ambos é evidente, apesar de a tentarem esconder. De vez em quando ele dá-lhe um toque com o braço ou roça os seus dedos contra a pele dela e eu arrepio-me, quase como se fosse capaz de sentir de novo o contacto físico dos nossos corpos nas noites em que fazíamos juras de amor até de madrugada. Há sorrisos cumplices, risos nervosos, olhares que querem despir.

   E eu pergunto-me se ela o ama em cada palavra que sai da sua boca como eu te amei (amo?). Questiono-me se ele absorve com o mesmo carinho todas as histórias que ela conta com um repuxar dos lábios para cima como tu o fazias (fazes?). Às vezes tenho dúvidas se não vem tudo da minha cabeça, se não quero à força imaginar algo que não existe, simplesmente para criar em meu redor uma história de amor como aquela que vivemos os dois. Mas não sou a única a reparar e por isso permito-me continuar a fantasiar sobre o que acontece quando saímos todos da sala e eles ficam sós, o que passa pela cabeça deles quando partilham um copo de champanhe em frente a toda a gente ou quando os surpreendo junto à máquina de café enquanto sorriem de forma cúmplice e trocam olhares a escassos centímetros um do outro.

   Indago-me acerca das motivações de um e do outro. Será que existe mesmo amor? Ou é apenas luxúria? Como começou tudo isto? Será que as angústias dela são semelhantes às que eu sofri? Será que é uma história com um final semelhante à minha? Semelhante a todas as outras, no fim de contas?

   Fico a matutar sobre o assunto e espero que não. Adormeço a pensar neles, com um sorriso no rosto, porque no fundo vejo o reflexo daquilo que fomos, da felicidade que encontrámos no peito um do outro. Será que os abraços dele lhe sabem tão bem quanto aqueles que me costumavas dar? Espero que sim.

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Falta uma semanaaaa!

   Estou quase quase em casa! Abram os braços, preparem os beijos (ou lambidelas, consoante tenham duas ou quatro patas), ensaiem esses sorrisos e cozinhem os vossos melhores pratos que o tempo em Lisboa vai ser curto para tanta coisinha que quero fazer! Já ando a contar os dias há bastante tempo, acho que esta semana vou andar a contar as horas. 

   Só quem passa algum tempo longe é que percebe esta saudade, até das coisas mais simples como a própria almofada, fazer um café na velha máquina da Nespresso enquanto se olha através da janela para o melhor estádio do mundo, pôr aquela toalha cheia de manchas antigas na mesa, sentar no sofá entre duas bolinhas de pêlo a quem só apetece apertar as bochechas ou ver o nascer/pôr do sol enquanto se corre junto ao Tejo.

   Tic Tac!

Nice

   Esta semana voltei a ter os três dias de pausa seguidos. Como no mês passado estourei o salário ao comprar duas viagens para Portugal, um telemóvel novo (que entretanto só chegou anteontem) e ainda naquela mini roadtrip até Avignon, desta vez decidi poupar e ficar aqui por perto. Desloquei-me então até à cidade de Nice, a segunda maior cidade francesa, para um dia de turismo.

   O dia estava para além de agradável. Fazia um frio bom porque o sol brilhava lá no alto e as nuvens eram praticamente inexistentes. Percorri a famosa (e não pelos melhores motivos) Promenade des Anglais, visitei a Place Massena, subi até ao castelo de onde se tem uma perspectiva muito bonita sobre Nice e perdi-me pelas ruas da zona antiga. Antes de ir embora ainda visitei o mercado de Natal, como boa fanática desta quadra que sou, e delirei com as coisinhas boas que por lá se vendiam.

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O aeroporto de Nice fica mesmo ali à beira mar, pelo que não é incomum ver os aviões a passarem assim rentinho à água (e pessoas a tomarem banho no inverno também não).

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Place Massena

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 A vista do castelo

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 Mercadinhos de Natal

   PS: se eu desaparecer durante a próxima semana, é porque morri de exaustão. Ou então ainda estou viva mas apenas o suficiente para me arrastar para a cama. Vão ser dias (ou noites) complicados. Desejo já um Feliz Natal, um excelente ano 2018, bom carnaval, Páscoa, Verão, tudo o que quiserem (bricadeirinha, mas sou capaz de estar mais ausente nos próximos dias).

Verdades e Mitos sobre Franceses

   Tenho andado com poucas ideias aqui para o blog e por isso é que tenho andado desaparecida. O ritmo de trabalho também não ajuda nada porque quando tenho folgas e tempos livres a única coisa que me apetece fazer é ficar na cama a vegetar em frente a uma série (ou fugir de Cannes se tiver mais do que um dia seguido de folga).

   Hoje venho apresentar-vos dez verdades e mitos sobre os franceses. Após dois meses em França, creio já ter desmistificado um pouco certas questões e ideias que às vezes temos das pessoas de uma determinada nacionalidade, tendo sempre em atenção que não podemos generalizar e colocar toda a gente no mesmo saco. Então cá vai:

   1. Os franceses cheiram mal: VERDADE! Pois é, estavam à espera que fosse um mito? Digo-vos que não é, embora isto talvez seja um 50-50. Não sei o que falta, se é o banho, se é o desodorizante, se são ambas as coisas. Mas que há enfermeiras aqui no hospital que mexem um braço e é coisa para uma pessoa desmaiar mesmo a dois metros de distância, lá isso é. Queixam-se do metro de Lisboa em hora de ponta num dia de Verão? Pois bem, venham até França snifar um pouco o sovaco francês e vão ver o que é bom para a tosse. 

   2. Os franceses são bons vivants: VERDADE/MITO! Franciú que é franciú gosta de sair do trabalho e ir beber um belo copo de vinho num restaurante chique. Se tiver esplanada, ainda melhor, mesmo que faça um frio desgraçado. Se ainda houver sol para aquecer a alma, então esta espécie pode realmente ser apreciada no seu habitat natural. Mas atenção, pelas oito ou nove da noite as ruas esvaziam-se e toda a gente regressa a casa. Não sei se é por estar em Cannes ou não (grande maioria da população com uma idade superior a 50 anos) mas por aqui não há propriamente o hábito de sair à noite para dançar, para ir à discoteca ou até mesmo ao cinema. Portanto, este segundo ponto fica assim no "é verdade mas...".

   3. Os franceses têm estilo: VERDADE! Quando vemos um tipo na rua com uns sapatos mais polidos que a sanita do rei e uma écharpe ao pescoço, com uns óculos de sol a condizer com a calça justa, o que é que vamos pensar automaticamente? Pois. Aqui há muito homem assim. Não quer dizer que sejam todos abichanados, muitos apenas gostam de moda, acessórios e até mesmo de passar horas nas compras.

   4. Os franceses sabem cozinhar: MITO! De cada vez que uma enfermeira passa à porta do nosso anexo, comenta o cheirinho bom que vem da cozinha (isto quando não temos a sanita entupida e o cheiro é outro...). No geral, acho que eles cozinham o básico, nem bem, nem mal. Fazem pratos simples e não se chateiam muito na cozinha. É claro que nos restaurantes o cenário é completamente diferente e a cozinha típica francesa é de chorar por mais.

   5. Os franceses fecham-se face aos estrangeiros: VERDADE! De uma forma mais ou menos evidente, é difícil alguém que chega de fora conseguir integrar-se a 100% no meio dos franceses porque, por mais corteses e simpáticos que possam ser, parece que mantém sempre uma certa distância e não consegues falar de coisas mais íntimas com eles.

   6. Os franceses comem muito croissant e brioche: MITO! Vejo passar muita gente com baguetes de pão na mão quando ando na rua mas quando vou às compras ou quando entro numa padaria nunca vejo ninguém a comprar/pedir um croissant ou pães brioche.

   7. Os franceses não gostam de falar inglês: VERDADE! Esta é mesmo irrefutável. Eles detestam!! Seja porque têm vergonha de falar tão mal, seja porque acreditam piamente que no próprio país deles não devem falar mais nada a não ser francês, esta espécie rara tem um horror extremo a balbuciar vocábulos anglo-saxónicos. Graças aos céus estão cá as internas para atenderem os estrangeiros.

   8. Os franceses reclamam por tudo e por nada: VERDADE! Se a número 7 é a mais irrefutável de todas, esta vem logo a seguir. Não passam dez minutos aqui no hospital sem que eu ouça alguém a queixar-se de qualquer coisa. Dinheiro, meteorologia, clientes, uma borbulha que tiveram na cara há três anos atrás ou os cinco minutos de trânsito que apanharam no mês passado. Quando achas que não podem reclamar de nada, eles inventam!

   9. Os franceses cumprimentam-se com dois beijinhos: VERDADE/MITO! É verdade que dois homens que se conheçam se cumprimentam com dois beijinhos mas se não conheces bem a pessoa, é provável que não a vás cumprimentar assim. Há pessoas aqui no hospital que cumprimentam a maioria com dois beijinhos e deixam as internas de fora (mais uma vez, a questão de fecharem o círculo aos que vêm de fora).

   10. Os franceses trabalham pouco: MITO! Pela minha experiência aqui do hospital, tanto médicos como enfermeiros trabalham bastante. Relativamente a outras profissões não me posso pronunciar mas os franciús não têm ar de preguiçosos mas não tenho os dados todos para poder avaliar...

Pessoas Más

   Há pessoas muito más neste mundo. Pessoas que fazem de tudo para deitar os outros abaixo. Pessoas que dizem mal nas tuas costas, que te rebaixam à frente dos outros, que gozam contigo na tua cara. Há pessoas que te atacam do nada, que encontram sempre um pequeno defeito a apontar, mesmo que estejas a fazer um bom trabalho. Há pessoas que não aceitam que te façam elogios, que têm inveja, que deixam fermentar uma raivinha de estimação dentro delas. Tentam irritar-te nos dias em que estás de bom humor e ainda são capazes de ir torcer as facas que a vida te espeta no coração para se certificar que dói mesmo. 

   E tu nunca fizeste nada contra essas pessoas. Sorris de manhã e dás os bons dias. És educado, ris das piadas, às vezes finges que não ouves os comentários. Mas chega a um ponto em que já não dá. Não queres entrar em conflito mas torna-se difícil. Começas a evitar essa pessoa. Depois vertes umas lágrimas à noite porque não compreendes. A certo ponto não aguentas e entras em crise convulsiva chorosa à frente dos outros depois dessa pessoa fazer um comentário desagradável e ofensivo enquanto se ri na tua cara. 

   Aconteceu-me hoje. Tive vontade de regressar a casa. Ainda tenho. Trabalhar com pessoas assim é muito complicado. Dá vontade de desistir. Mas acho que é isso mesmo que elas querem. Fazer os outros desistir. E por agora nao vou deixar. 

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Aquela Frase #16

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 Mais alguém com a sensação de que este mês vai ser muito especial e memorável? Apesar do trabalho de cão que vou ter esperam-me também luzes, mercados de Natal, compras, bebidas quentes, manhãs na ronha com o meu pequeno Marcel enquanto chove lá fora, uma semana em Portugal para rever família e amigos e certamente alguns desenvolvimentos a nível amoroso ;)