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Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

Erro Meu

   Erro meu, considerar que poderíamos ficar amigos. Apenas mais um a acrescentar à lista.

   Erro meu pensar que me continuarias a falar quando te contasse que estava com outra pessoa, que te poderia continuar a confiar os meus dramas, os meus dilemas, a contar as minhas aventuras neste país que me é estranho.

   Erro meu acreditar que irias continuar a dar-me apoio moral em todas as minhas conquistas, mas sobretudo em todas as minhas derrotas, relembrando-me a cada passo que a vida é como uma maratona, com quilómetros que custam e exigem muito de nós.

   Erro meu julgar que poderia continuar a acompanhar também eu a tua vida, que continuaríamos a partilhar os nossos treinos de corrida, que poderíamos falar do que seria o jantar nessa noite ou de um qualquer evento ou festa que fosses ter nos teus fins de semana mais do que preenchidos de actividades. 

   Erro meu entender que seríamos para sempre confidentes e que seríamos capazes de construir uma relação de amizade sólida como só duas almas que já viveram (e sonharam, lembras-te?) tanto juntas o poderiam fazer. Que estaríamos presentes nos momentos mais importantes das vidas um do outro, de lágrima no canto do olho e um sorriso imenso no rosto. E que o nosso abraço, essa sensação única no mundo, iria perdurar até que um de nós morresse.

   Erro meu esperar mais de ti, uma vez mais, depois de tudo, depois de nada.

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On ne lâche rien

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    Aqui em França, utiliza-se muito a expressão "on ne lâche rien", que quer dizer "nada de desistir" e da qual eu gosto imenso. Tanto que se tornou no meu #hashtag para a maratona de Paris. Finalmente, após meses a adiar a inscrição, está feita. Agora é treinar, treinar e treinar. Antes da maratona ainda tenho a meia de Cannes mais para o final de Fevereiro e a meia de Lisboa no dia 11 de Março. Vamos lá ver se aguento o ritmo de treinos com o trabalho aqui no hospital mas de qualquer das formas, on ne lâche rien!

Fui ao Ginásio...e detestei!

   Uma colega aqui do hospital propôs-nos fazermos algumas aulas de grupo no ginásio que ela frequenta porque é a semana aberta (para motivar obviamente todo aquele pessoal que todos os anos escreve como resolução de ano novo perder peso ou ficar mais fit) e portanto toda a gente é bem vinda. Após alguns dias de preguiça, ontem lá aceitei ir fazer uma aula de Body Pump de braços e RPM. Resultado: cheguei a casa com os braços como se fossem esparguete e com os joelhos em chama. 

   A minha colega de internato gostou muito e pondera inscrever-se no ginásio. Eu não. Demasiadas pessoas, música muito alta, ambiente abafado (máquinas umas em cima das outras, tanto no cycling como na própria sala das máquinas), exaustão extrema. Definitivamente, sou adepta do desporto ao ar livre e em contacto com a natureza. Gosto de companhia mas uma ou duas pessoas no máximo. E correr é realmente aquilo que me faz sentir melhor pois para além de mexer os músculos, dá-me tempo para pensar e para arejar a cabeça, o que para mim é impossível de fazer num ginásio. Por isso, ginásios para mim só mesmo a bordo de um cruzeiro, quando não há outra alternativa melhor.

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Livre Para Correr

   Tenho andado a publicar menos no blog porque estou a tentar manter-me mais afastada do computador este ano para conseguir ter mais tempo para ler. Desde o início do ano que já terminei dois livros, um dos quais já tinha começado a ler em Setembro mas depois a vontade de continuar perdeu-se.

   O primeiro que li foi o "Livre Para Correr", emprestado pelo namorado. Foi um livro que me abriu muito os olhos e do qual gostei bastante, apesar de haver umas partes muito estranhas. No fundo é um livro introspectivo em que o autor expõem as suas ideias sobre a sociedade de hoje em dia e sobre o facto de não sermos felizes porque vivemos constantemente no passado ou no futuro sem aproveitar o único momento que realmente existe, que é o agora. Fala dos seus trails em Monsanto e também na Serra de Sintra, mas sobretudo do trail de 170km que realizou sozinho na Escócia durante uma semana. Afirma que perdemos completamente o contacto com a Natureza e que é preciso dar alguns passos para trás e perceber que vivemos num mundo de puro consumismo e ilusionismo (e dá um exemplo muito curioso que é o facto das pessoas ficarem mil vezes mais encantadas com uma árvore de Natal toda feita de alumínio e cheia de luzes do que uma árvore simples, pela qual passamos talvez todos os dias).

   Depois terminei o "Nada Menos Que Tudo", que na verdade é uma colectânea de pequenos textos de uma página que vão sempre bater à mesma porta - o erotismo. Gosto dos textos mais soft, mais discretos, mas não gosto daqueles que são explícitos ao ponto de até fazerem doer a alma. No geral foi um livro do qual não gostei, muito ao estilo das Cinquenta Sombras de Grey mas sem nenhuma história por detrás. Fraco em conteúdo, em imaginação, na própria escrita. Enfim, uma desilusão.

   Esta noite vou começar uma espécie de autobiografia do Haruki Murakami, na qual ele expõem também os pensamentos que vai tendo enquanto corre. Cheira-me que me vai agradar.

Mónaco

   Mais um domingo livre, mais uma oportunidade para ir passear. Desta vez, a minha colega Audrey e eu decidimos mudar de país e ir conhecer o pequeno principado do Mónaco. Quando pensamos neste país, automaticamente somos remetidos para a imagem do luxo, dos iates que competem entre eles para ver qual o maior, os Lamborghinis, Ferraris e Rolls Royce que desfilam pelas ruas e fazem rugir os seus motores e as pessoas com o seu ar altivo que passeiam junto da marina. Tudo isto vimos por lá, mas nem por isso o Mónaco nos deslumbrou.

   Para começar, fazia um frio dos diabos e estava o tempo muito encoberto, tendo mesmo chegado a chover a certa altura. Talvez também por ser domingo, havia muita coisa fechada. Para além disso, o Mónaco é um país muito feio, onde se constrói em altura à beira mar sem qualquer tipo de critério. Há prédios velhos ao lado de novos, de todas as cores e feitos, alturas e larguras muito variadas, o que faz com que me tenha muitas vezes sentido numa favela um pouco mais desenvolvida. Há muita coisa ainda (e sempre) em construção e a circulação de peões não é prioridade. 

   Vimos a Opéra e o Casino de Montecarlo do lado de fora, bem como o palácio. Visitámos vários jardins, entre os quais um jardim japonês, a zona velha da cidade, a catedral e pouco mais. O Mónaco ficou visto em poucas horas. E para mim ficou visto para o resto da vida. Soube bem sair de Cannes e viajar um pouco mas o país desiludiu.

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 A façada principal da Opéra de Montecarlo com dois simpáticos carrinhos estacionados à porta

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Pormenor de uma rua da chamada "zona antiga" da cidade

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A vista do palácio para a cidade

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 Pormenor do interior da catedral que tinha um orgão lindíssimo e que apesar de simples, tinha muita classe

Errei

   Todos somos seres imperfeitos, todos erramos. Um contabilista erra nas suas contas de vez em quando, uma cabeleireira corta mais do que tinha sido pedido, um epregado de mesa entorna uma bebida ou deixa cair um prato ao chão, um motorista esquece-se que alguém tinha carregado no botão do stop. Mas quando um médico comete um erro, geralmente acaba sempre por ser mais grave do que se o carteiro se engana no número da porta.

   Eu errei, e por causa desse erro de diagnóstico, houve um gato que morreu. E é certo que foram uma série de pequenas coisas que contribuíram para esse erro - o proprietário que me levou a crer que o problema era diferente, o facto do gato ser agressivo e não ter feito um bom exame físico, o facto de ser a minha segunda noite seguida, de ter oito animais hospitalizados e estar sozinha, de fazer numa semana as horas de trabalho que muita gente faz num mês e por isso estar exausta - mas no fim, tudo acaba por ir dar ao mesmo. Foi uma vida que se perdeu, foi uma família que ficou sem o seu animal de estimação, foi algo que não devia ter acontecido, apesar de me terem dito desde o primeiro ano do curso que iríamos todos cometer erros que custariam vidas. Aprendi com o erro e agora tenho de aprender a viver com isto.

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Loucos

10 de Janeiro de 2018

   Saí para mais uma corrida. Hoje estava com preguiça para deixar o apartamento e por isso optei por um treino ligeiro, sem pressas, para reflectir um pouco e relaxar a mente. O céu escuro de Janeiro pairava sobre a minha cabeça, nuvens escuras sobrepondo-se ao azul. A chuva fazia ameaças directas, deixando cair sobre a minha pele nua uma ou outra gota de água, de tempos a tempos. 

   A maioria das pessoas passava por mim de casaco vestido, gorro na cabeça, cachecol em redor do pescoço e com uma expressão fechada. E eis que avisto ao longe dois homens em fato de banho e touca, prestes a entrar nas águas frias do mar Mediterrâneo neste pouco agradável dia de inverno. Quando passo por eles, a água já lhes dá pela cintura, apesar de prosseguirem mar adentro com alguma precaução, pois as ondas não são grandes mas a Natureza pode ser enganadora.

   "Loucos!" penso eu, enquanto sigo caminho. 

   No regresso, um deles ainda dá umas braçadas no mar enquanto o outro já se encontra debaixo do chuveiro, a tirar do corpo a água salgada. E é então que atento na cara de felicidade de ambos, que contrasta largamente com as feições circunspectas de todos aqueles que passam por mim. Chego à conclusão de que loucos somos nós que não nos banhamos no mar só porque é Inverno. Loucos somos nós que não sentimos a areia a afundar debaixo dos nossos pés só porque o sol não brilha, que não nos deixamos embalar pelas ondas porque cai chuva do céu, que não fechamos os olhos para sentir a água do mar cobrir-nos por completo porque há um vento que corre. 

   Chego à conclusão de que não andamos aqui a fazer - e perdoem-me a expressão - porra nenhuma se não vivermos cada dia como se fosse o último, cada momento como se fosse o derradeiro, cada sensação como se nunca mais a fossemos experimentar. 

   Será que é preciso chegar aos setenta anos (estes senhores teriam à volta desta idade) para fazermos destas loucuras, que afinal fazem todo o sentido? Não. Não vou deixar que assim seja. Amanhã volto aquela praia e quero sentir a areia debaixo dos meus pés, o mar a vir abraçar-me as pernas, o marulhar das ondas junto aos meus ouvidos. Não prometo que vá tomar banho. Mas pelo menos irei tirar os sapatos e fazer com que o mar deixe marcas de si próprio nas minhas calças de ganga, e também na alma. Nunca se sabe quando é a última vez. 

Diário de uma Avec #4

   Estou há quase três meses em França e ainda não tenho segurança social. Ou seja, se me acontece alguma coisa em termos de saúde, estou tramada.

   Queixamo-nos muito da lentidão das burocracias em Portugal mas aparentemente é um pouco igual em todo o lado. Aqui no trabalho trataram-nos das coisas e nós só tivémos que juntar a papelada a enviar para a contabilidade, que depois lá tratou de todo o processo. No entanto aqui estamos, ainda sem número de segurança social, à espera de receber a cartinha pelo correio como quem espera que chova no deserto. 

 

Dia de Chuva

   Alguma vez saíste à rua num dia de chuva? Quando digo sair não falo de correr para apanhar o autocarro, evitando a todo o custo as lágrimas que tombam do céu ou ir até à padaria comprar pão fresco debaixo de uma gabardine e um chapéu de chuva. Falo de sair para apreciar o dia, contemplar as nuvens que muitas vezes se revoltam lá em cima, empurradas à força pelo vento agreste, sentir na pele as gotas frescas e perceber que todas elas fazem parte de um ciclo maravilhoso e perfeito que a Natureza criou para tirar água de um local e ir depositá-la noutro completamente diferente, às vezes do outro lado do planeta. Falo de sair para passear tranquilamente ou para correr. Respirar a humidade de olhos fechados, como se fosse a última vez que tivesses a oportunidade de o fazer. Sorrir e dar os bons dias a todos aqueles que, como tu, saíram apenas para se deliciarem com mais um dia único e exclusivo, independentemente do céu estar cinzento, de fazer frio e do cabelo ficar frisado. Sentir a terra molhada deformar ligeiramente debaixo dos teus pés, ouvir os ramos das árvores estalar e o vento assobiar quando passa por entre as folhas que sobrevivem ao Inverno, identificar os pássaros que te observam de forma curiosa quando passas. Sorrir porque tens os caminhos de trilho só para ti ou porque consegues saborear o sal que se deposita nos teus lábios quando as ondas galgam as pedras e ameaçam irromper pelo passeio adentro tamanha é a sua fúria ou simplesmente porque estás vivo e não há problema ou inquietação ou pensamento negativo capaz de superar a alegria de estares vivo e de sentires que estás realmente vivo. Agora repensa na tua resposta. Será que algum dia saíste à rua num dia de chuva?

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 Foto tirada hoje, enquanto fazia uma sessão de trail à chuva com um sorriso rasgado

Ainda vou a tempo das resoluções?

   É no dia 4 de Janeiro que começo a pensar nas resoluções para 2018. Pergunto-me se ainda vou a tempo mas chego à conclusão que mais vale uma resolução feita no final de Dezembro e realizada com sucesso do que uma feita logo no primeiro dia do ano que rapidamente se esquece.

   Para este ano quero viver mais o presente. Estar menos agarrada ao que já passou e fazer com que a ansiedade do futuro não me vença, seja porque estou já a pensar nas férias, seja porque estou de férias e já estou a pensar no trabalho. Aproveitar cada bocadinho. Ser menos dependente das redes sociais e esquecer por muitas e longas horas o telemóvel.

   Quero ler mais, correr mais, passar mais tempo fora destes reduzidos metros quadrados a que chamo "casa". Quero comer de forma mais saudável mas ao mesmo tempo sei que para isso tenho de gastar mais dinheiro nas compras. Quero viver de forma mais intensa todas sensações e emoções, sentir o sol a bater na cara, o vento a agitar os cabelos, a chuva que se evapora sobre a pele. Quero ser livre. E sorrir, quero sorrir mais.

   No fundo, para 2018 só quero ser feliz. 

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