Não tenho tido muita inspiração para passar aqui pelo blog ultimamente. A vida vai bem mas sem grandes emoções. Finalmente terminei o vídeo sobre as Calanques de Cassis e amanhã cedinho sigo para Itália, rumo ao Lago di Como, para relaxar durante quatro dias. Vou ver se por lá também encontro inspiração para escrever algumas coisas já que parece que o tempo não vai estar muito famoso.
Desde 2016 que para mim "outono" rima com "maratona" e desde esse ano que a preparação durante a estação que a antecede é dura. Por um lado, se sair tarde (e por tarde, quero dizer nove da manhã), o sol já está muito forte e apanho imenso calor. Sendo que o calor é a minha principal fraqueza no que toca o desempenho na corrida, não é boa ideia. Por outro lado, se aguardar até à noite, o mais provável é já não ir por me sentir cansada ou desmotivada, já para não falar do facto de as pessoas no verão saírem da praia por volta das 20h e andarem na rua até muito tarde, o que dificulta imenso o movimento contínuo e constante de um corredor, especialmente se são daqueles grupos que vêm aos quatro em linha na nossa direcção, que nos vêem perfeitamente e que mesmo assim escolhem não se desviar nem um milímetro.
Resta-me portanto a opção de acordar às seis da manhã ou ainda mais cedo para aqueles treinos longos que chegam a durar três horas. Há dias em que é muito difícil sair da cama, especialmente quando há tantas noites em que já durmo quatro ou cinco horas por causa do trabalho e quero pelo menos chegar às oito nas outras. Ir dormir cedo também é complicado por aqui, já que a minha colega italiana faz imenso barulho e se torna complicado descansar mas tenho conseguido gerir e hoje já fiz um treino de 25km muito agradável e a bom ritmo, com direito a mergulho de mar após a sessão, numa praia onde ainda só havia duas ou três pessoas. Ainda nadei, mergulhei e estive sentada à beira mar, isto tudo com o equipamento de corrida, claro.
O sacrifício vale a pena só para sentir de novo aquela sensação que nos invade ao cruzarmos a meta de uma maratona.
Desde pequena que sou fascinada pelo fogo-de-artifício. Ver uma cana explodir no céu negro num milhão de cores antes de um estrondo que ecoa por vales e montanhas deixa-me com pele de galinha. Então quando é um verdadeiro espectáculo pirotécnico, admito que há momentos em que me chegam as lágrimas aos olhos tamanha a beleza que vejo ali.
O fim de ano que passei na Madeira em 2008-2009 foi sem dúvida alguma o melhor de sempre e sonho com o dia em que poderei regressar nessa altura para mais uma vez poder celebrar a chegada de um novo ano de olhos postos no céu. Mas por enquanto, a competição de pirotecnia que se desenrola nestes meses de Julho e Agosto aqui em Cannes também me enche o coração. Seis equipas em competição, cinco países, um espectáculo por semana. Dos três que já ocorreram, consegui ver dois (na outra noite estava de serviço) e ainda conseguirei ver mais um dos dois restantes. Ontem fui para a praia ao final da tarde e deixei-me ficar até às 22h. A espera foi longa, enervei-me com as crianças que corriam para a frente e para trás e me atiravam areia para cima até não restar nenhum centímetro de praia livre (é um espectáculo que atrai sempre multidões) mas valeu a pena.
Pessoalmente gostei mais da primeira equipa em competição, que era polaca. Ontem os franceses podiam ter usado músicas que combinavam melhor com o fogo e não foi o caso. Vamos ver como se portam os das Filipinas no dia 24 porque no dia 15 de Agosto vou novamente falhar o espectáculo.
Quase não tirei fotografias/fiz vídeos porque os momentos melhor aproveitados da vida são aqueles que são vividos através dos olhos, e não de uma câmara.
Os meus pais estiveram de visita na última semana e meia. Aproveitei para conhecer mais um pouco desta região e para lhes mostrar outras coisas que já conhecia (Nice, por exemplo). Foi uma semana muito cansativa pois meteu noites pelo meio - foram tranquilas mas nunca durmo mais do que cinco ou seis horas - viajámos muito de carro de um lado para o outro e o tempo tem estado insuportável com um calor e uma humidade que já duram desde o início de Julho.
A sensação deles terem vindo e partido é estranha pois ao início tinha aquela impressão de que eles chegavam já quase no final desta minha jornada e agora os três meses que restam parecem ainda bastante tempo. Felizmente o J. ainda vem no início de Setembro e logo após ele regressar a Portugal, sigo para a Ásia para umas merecidas férias.
Decidi definitivamente que vou regressar a casa e depois logo se vê se arranjo um trabalho no qual me consiga sentir realizada, sendo que a porta para partir novamente para o estrangeiro permanece aberta a 100%. Por agora é aproveitar os últimos meses aqui por Cannes porque sei que vai deixar muitas saudades!
Paloma Beach, um pequeno paraíso que tive oportunidade de ficar a conhecer na companhia dos meus pais
Paz - substantivo feminino. Relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo, concórdia.
Paz - o que me vai na alma neste preciso instante em que os primeiros minutos de claridade de um novo dia delineiam os móveis do quarto silencioso. Ela dorme tranquila sobre o meu peito, embalada pelo bater de um coração apaixonado, a nossa respiração sincronizada. Deixo deslizar a mão ligeira sobre o seu cabelo desgrenhado pelas horas de sono e ela suspira. Interrompo o movimento mas é tarde demais. Ergue a cabeça na minha direcção, os olhos ainda escondidos debaixo de duas pálpebras sonolentas, e os seus lábios desenham um ténue sorriso de quem dá os bons dias mas seria capaz de dormir mais umas horas. Deposito-lhe um beijo na testa, outro no nariz, um em cada pálpebra e finalmente um último mais demorado sobre a boca.
"Bom dia amor" murmura, antes de conter um bocejo e se aninhar um pouco mais junto ao meu tronco nú. Respondo-lhe, tratando-a por princesa e deixando mais um beijo na sua testa morna.
Paz - os primeiros minutos das nossas manhãs a dois.