Balança
Odeio esta inconstância. Este não ser capaz de tomar uma decisão sem vacilar. Este querer e no momento seguinte já não ter a certeza de nada. Pior, querer exactamente o oposto. Esta insegurança de dizer que sim ou que não, respondendo talvez a tudo na esperança de ter um pouco mais de tempo para decidir. O medo de tomar a decisão errada leva-me a repensar vezes e vezes sem conta sobre aquilo que pretendo fazer, sobre as palavras que se me atropelam na boca mas não querem sair, sobre o caminho a trilhar, os passos a seguir. Às vezes deixo que seja o tempo a decidir por mim por cobardia. Ou decido no último segundo, na última oportunidade, ali no limite entre o aceitável e o fora de prazo. Coincidência ou não, raramente me arrependo das minhas decisões. E nunca volto atrás quando estão tomadas, embora por vezes ainda caia na tentação de imaginar como teria sido se tivesse optado pela direita e não pela esquerda ou pela banana em vez da laranja. Em casos extremos há a necessidade de fechar os olhos, inspirar fundo e deixar a consciência falar, a intuição reagir, o sexto sentido actuar. Especialmente em casos nos quais cérebro e coração travam batalhas bélicas e puxam para lados opostos, tornando estes dilemas ainda mais dilacerantes.