Dizes-me que Não
Dizes-me que não mas eu leio-te nas entrelinhas. Leio-te em todos os sentidos, todas as direcções, da esquerda para a direita e até ao contrário. Leio-te em todas as línguas e vê lá tu que agora ando a aprender a ler-te em baile. Conheço já cada recanto da tua pele nua. Mesmo de olhos fechados adivinho o eriçar dos teus pêlos sem sequer precisar de os sentir quando mergulho os meus lábios dentro dos teus. Leio-te no silêncio dos gestos, na musicalidade dos pensamentos, na eternidade de um suspiro de amor. Leio-te em hebraico, da direita para a esquerda e por vezes, sempre que necessário, em cirílico, naqueles dias em que te apercebo mais distante. Leio-te mesmo sem precisar de palavras, interpretando os teus olhares bucólicos, os teus sorrisos cativantes, as tuas expressões peculiares. Dizes que não mas és um livro aberto.