Do Que Nunca Cheguei a Ter
Tenho saudades do que nunca cheguei a ter. Das tardes de calor envolvida no teu abraço, das noites de tempestade correndo contra o vento para tentar fugir aos pingos da chuva enquanto me puxavas pela mão, das madrugadas de amor debaixo dos lençóis suados, das manhãs sonolentas que sorriam lânguidas do outro lado do vidro e iluminavam o teu rosto adormecido.
Cada pormenor cuidadosamente detalhado como uma ténue mancha de um quadro impressionista, tão importante e ao mesmo tempo tão singela sem as outras a seu lado, toma forma na minha mente como fazendo parte de um passado distante que na verdade nunca deixou de ser um esboço.
Fantasias teus beijos calorosos sob a curva do meu pescoço, sonhos teus olhos me escrutinando em noites de insónia, meros delírios o entrelaçar dos teus dedos sobre o meu cabelo. Histórias acalentadas por um coração que procurava a única coisa pela qual vale a pena continuar a bater: o amor.