É Coisa de Loucos
Com o stress do dia a dia, vou deixando de lado estes pensamentos como quem esmigalha uma pulga após ter sentido uma picada. É só quando tenho mais tempo para reflectir (e é por isso que eu não gosto de não ter muito para manter a mente ocupada, penso demasiado) que chego à conclusão de que me falta algo. Falta-me um sorriso rasgado, um olho brilhante, falta-me o palpitar do coração e um abraço apertado. Falta-me a esperança de um futuro ao lado de alguém. Faltam-me os sonhos, como peças do puzzle que se foram perdendo com o tempo. Estou seca de lágrimas, gelada por dentro, vazia junto ao peito. O desalento acompanha os meus dias. As folhas caem, chega o frio, regressam as flores e o tempo da praia e, olhando para trás e lançando uma espreitadela ao futuro, parece que caí num buraco negro que não tem fim. Não há dias diferentes, não há surpresas nas horas, só a solidão do relógio, que vai enchendo o ar com os seus tics e os seus tacs incessantes. Perdi a esperança, foi isso. Deixei-me levar pelas vozes que interiormente me dizem que seremos só nós, para sempre. Confiei nelas e deixei de acreditar no amor. É coisa de loucos, de insensatos. E no entanto, gostaria tanto de ser maluquinha até ao fim dos meus dias!