Laços Eternos
Este texto tem cinco anos mas continua super actual!
Calma e silenciosa, dorme profundamente ao meu colo, enrolada sobre si mesma. A sua respiração rápida é a única sensação auditiva que me chega aos ouvidos. Acaricio o seu pêlo negro e brilhante com ternura, e passo a mão pela coleira para, mais uma vez, confirmar que não se encontra demasiado apertada. O ar quente que sai do seu focinho perfeito, ali minuciosamente colocado, como uma trufa no topo de um bolo, bate na minha perna e dá-me uma sensação de conforto e harmonia. A sua cauda repousa, depois de ter abanado que nem uma ventoinha quando me viu chegar.
Os seus olhos abrem-se lentamente por fim, e fitam-me como quem pede mais carinho enquanto que da sua boca sai um bocejo quase silencioso. Ambas as orelhas abanam ligeiramente quando lhe massajo o crânio afunilado. Um longo suspiro segue-se a uma lambidela amigável na minha mão.
Foi ela que me ensinou a viver todos os momentos sem olhar para trás, nem encarar o futuro como algo incerto e inquietante. Aprendi que é preciso festejar as mais pequenas coisas, mesmo que seja o simples facto de nos oferecerem um biscoito. E mais importante do que tudo o resto, foi-me ensinado que, tal como dizia Carl Zuckmayer, “a vida sem um cão é um erro”.
E hoje sei, tal como já sabia desde o primeiro momento em que a vi, que não lhe podia ter dado um nome melhor. Um nome que combina o seu aspecto com aquele sentimento que ela desperta em mim, e que não me canso de lhe oferecer. Está perfeito para a minha linda Teckel chamada AMORa.