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Same Same But Different

Um blog repleto de ideias, textos, sonhos e aventuras de uma jovem maravilhada com o mundo em seu redor.

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Memórias do Facebook

   Se as memórias do Facebook tivessem cor, seriam do tom dos teus olhos verdes brilhantes que naquele dia se encheram de lágrimas.

   Se as memórias do Facebook tivessem som, soariam como os meus soluços intermináveis quando, depois de estacionares o carro à porta de minha casa, me abraçaste com força e disseste ao meu ouvido que a nossa história não acabava ali, que ainda íamos viver tanta coisa juntos.

   Se as memórias do Facebook tivessem tacto, sentiria as gotas de chuva que naquela manhã tombaram, pesadas, sobre as nossas cabeças, o céu já adivinhando o que estava por vir, a dor que me revolvia as entranhas, a mágoa que me consumia havia semanas, a dúvida que pairava na minha mente desde o princípio.

   Se as memórias do Facebook tivessem odor, espelhariam o perfume de farmácia que sempre usavas e que eu conseguiria identificar por entre mil outros perfumes e cheiros, impregnando as tuas roupas com um aroma que eu fazia questão de aspirar de cada vez que me permitias mergulhar o nariz na tua roupa e que tantas vezes já pensei em comprar só para me torturar mais um pouco a cada minuto que passo na companhia da tua ausência.

   Se as memórias do Facebook tivessem paladar, teriam o sabor da amargura daquele dia, o dia em que o nosso castelo já frágil desmoronou por completo, engolido pelas minhas palavras duras, como um castelo construído à beira mar que num segundo se transforma numa pilha de areia amorfa após a chegada de uma onda mais forte. Teriam o gosto do desespero, da tristeza, de semanas difíceis de luta para me manter à superfície, da força que fiz para conseguir sair da cama em certos dias, das noites intermináveis passadas a chorar agarrada à almofada e do instalar de uma depressão que me levou meses de vida.

   Se as memórias do Facebook soubessem tudo, recordar-me-iam que este foi provavelmente o dia mais triste da minha vida. Mas ainda bem que não sabem tudo porque memórias assim são duras de recordar.

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