O dia de amanhã
No outro dia vi no Facebook uma frase sobre a qual fiquei a pensar, coisa pouco estranha, uma vez que o que eu mais faço nesta vida é pensar, pensar muito muito, nem que seja na morte da bezerra. Mas voltando à frase, referia-se ao facto de estarmos sempre a desejar a próxima etapa da vida, e, quando chegamos ao final, damo-nos conta de que estamos a desejar todas as outras que já passaram. Tenho de admitir que também sou um pouco assim, sempre ansiando que a próxima etapa seja menos cansativa, mais recompensante, mais divertida, mais apaixonante, mais extasiante, apesar de viver ao máximo o presente e de todos os dias dar uma boa gargalhada (às vezes, ok, muitas vezes, sem motivo). Quando andava no 5º ano, lembro-me perfeitamente, como se fosse ontem, quase todas as semanas contava os anos que me faltavam para terminar o liceu, na esperança de me ter enganado e de ter contado um a mais. Mas o resultado era sempre o mesmo. Nos últimos anos de escola, veio aquela excitação toda de pensar como seria a vida universitária, os colegas, o curso. Agora que estou na faculdade, imagino muito como será quando terminar o curso e começar a trabalhar. Às vezes desejo que isso aconteça o mais depressa possível, para ter fins-de-semana livres para poder fazer o que me apetece, e para poder chegar a casa e ter tempo para experimentar uma receita nova, ou então simplesmente para ligar o pc e ver uma dúzia de episódios seguidos de uma série qualquer. Mas depois penso melhor e não me sinto ainda preparada para ter vidas entre as minhas mãos, nem para tomar certas decisões, muito menos para pagar o IRS, ou o IMI, ou para ir às Finanças porque me gamaram o ordenado nem coisas desse género. Por isso sim, essa frase adequa-se a mim por um lado porque estou sempre à espera que o dia de amanhã traga algo de melhor, mas por outro lado, também não quero que esse dia de amanhã chegue assim tão depressa quanto isso.