O Futuro Aqui à Porta
Eles gostam de mim e eu gosto deles. Eles querem-me lá e eu quero lá estar. Por eles ficava, e por mim também. Mas o chefe diz que não precisa de mais pessoal agora e em princípio não vai sair ninguém brevemente.
Tenho motivos para ir e também os tenho para ficar. Se encontrasse um sítio com boas condições e onde pudesse prosseguir com a minha curva de aprendizagem, provavelmente não hesitava. Não o encontrando, as decisões tornam-se mais difíceis. Para onde ir? E por onde começar? E se quiser experimentar uma coisa diferente durante um ano ou dois, como trabalhar a troco de um tecto, comida e pouco mais na Ásia ou em África, até mesmo com espécies diferentes? Ou lanço-me logo para um internato algures na Europa? E vejo os colegas mais velhos tão desmotivados, sempre no limite da exaustão, a serem pressionados diariamente de todos os lados para dar mais e melhor. Dizem-me que é a minha última oportunidade para saltar fora. Será que têm razão? Se calhar devia tornar-me instrutora de mergulho e ir para um qualquer paraíso tropical trabalhar com turistas, que sempre foi o meu plano B.
Estar prestes a entrar no mercado de trabalho é aterrorizador. Sou assaltada por todas estas dúvidas e mais algumas e por enquanto vou deixando a coisa fluir porque agora já só devo defender a tese em Setembro, portanto antes disso nem vale a pena andar a mandar currículos nem à procura de anúncios porque as vagas são rapidamente preenchidas. Mas há-de correr tudo bem. E se não gostar do caminho que estou a seguir, haverá sempre outra opção. O importante é não me resignar nunca se não estiver satisfeita, como acontece com tanta gente que conheço.