Pedrógão Grande
Parte de mim cresceu em Pedrógão Grande. Não sei de que ano são as minhas memórias mais antigas dessa vila esquecida a um canto do concelho de Leiria mas são remotas. Parte da família da minha avó habitava em Pedrógão e muitas vezes continuamos a ir passar fins-de-semana prolongados ou férias a esta zona rural (os meus pais estiveram lá há dois dias artrás). Lembro-me de estar a comer no terraço e vir uma vespa roubar-me um pedaço de carne. Devia ter uns quatro ou cinco anos. Lembro-me de me ter calhado levar o porquinho da índia da turma para casa numas férias na Primavera e ele não teve outro remédio senão ir connosco (e que feliz que por ali andava à solta!). Nessa altura ainda não andava sequer na primária. Depois lembro-me das dezenas de caminhadas pelos campos em redor, pela floresta, lembro-me da Ponte Romana ali tão perto, das tardes passadas no parque infantil com os meus primos, dos passeios de bicicleta com o meu irmão, dos almoços no Penedo, que entretanto fechou, das tardes passadas junto à barragem, a atirar pedras à água ou a tentar apanhar peixes com paus, de ir buscar laranjas a um terreno que o meu avô lá tinha, das descidas de carro até ao rio (aqui). Lembro com muita saudade da Teté, que foi como uma avó para mim, e que me ensinou o significado das sirenes dos bombeiros (aqui). Se ainda fosse viva, com certeza tê-las-ia ouvido ressoar sem sossego durante horas a fio.
O fogo não é novidade por aqueles lados mas nunca se viu nada assim. Não há palavras para descrever.