Rabiscos
Eu pego na caneta mas fico a olhar para o papel. Porque tudo me parece igual, nada muda com o fluir do tempo, e, apesar de te tentar esquecer, de uma forma ou de outra, acabas por me distrair com esse teu olhar reluzente ou por me roubar o sono com as tuas palavras doces. Eu sei, eu sei. Tenho de te deixar ir, não me posso agarrar assim, com todas as forças que tenho, a ilusões de óptica, a algo que nunca será mais do que um mero sonho, uma utopia, igual a tantas outras. Tenho consciência de que, enquanto não me mentalizar que te encontras fora do meu alcance, não descansarei, não encontrarei a paz dentro de mim. E preciso tanto dela para fazer a vida andar para a frente.
Ao mesmo tempo, sinto que preciso desesperadamente da tua atenção, como um drogado necessita da sua heroína. Habituei-me a ela, o que queres que te diga? Foste tu quem ma concedeste. Pronto, eu procurei-a, mas tu entregaste-ma de bandeja e agora eu quero mais e mais. Já não consigo viver sem ela. Já não consigo viver sem ti.